As incertezas advindas da renúncia dos comandantes das três Forças Armadas, os ataques contínuos de Bolsonaro aos governadores e a carta destes aos três poderes da República foram tema de entrevista concedida pelo governador do Maranhão, Flávio Dino, ao canal Band News nesta terça-feira (30).

Ao ser questionado sobre a insegurança dos governadores —  na segunda-feira (29), o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que se mudará para o Palácio dos Bandeirantes por medida se segurança e, bolsonaristas estimularam motim na PM após a morte de soldado em Salvador — Flávio Dino destacou: “Não é que tenhamos medo de oposição; agora, oposição violenta, que mente e que está armada por conta dos decretos do presidente da República, que autoriza que as pessoas comprem fuzis, metralhadoras, revólveres, de fato, isso é muito perigoso”.

Em seguida, o governador acrescentou: “Estamos no limiar, na fronteira daquilo que é compatível com a democracia e volto a destacar que tenho confiança nas Forças Armadas. E acredito que mesmo com essa intervenção inusitada, as Forças Armadas não vão embarcar numa aventura de ficarem estigmatizadas como serviçais de um projeto de poder fracassado”. Flávio Dino disse ainda: “acho que as Forças Armadas não vão cumprir o papel de serem executoras de políticas equivocadas, emanadas da Presidência da República”.

Ao analisar o caráter autoritário do governo Bolsonaro, Flávio Dino colocou: “O ministro pensa diferente, é demitido; o Supremo, tentaram fechar; o Congresso, tentam subordinar e agora, as Forças Armadas e daí o ódio aos governadores. O ódio aos governadores é o ódio ao diferente; porque desde o início da pandemia, dissemos: ‘isso é uma coisa grave, séria; não é gripezinha’. E aí surgiram essas divergências que estão aí dramaticamente expostas. E quem perde é o povo brasileiro”.

Ao falar sobre a carta aberta assinada por 16 governadores — entre os quais o próprio Flávio Dino — e tornada pública nesta segunda-feira (29), o governador declarou: “A carta é um convite a que os chefes dos poderes da República consigam, de algum modo, um pacto nacional. Até agora, não temos. Temos essa espécie de guerra eterna conduzida pelo próprio presidente da República, inclusive contra a sua própria equipe, o que é algo absolutamente inusitado”.

Assista a íntegra da entrevista:

 

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Por Priscila Lobregatte