O governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) comentou as reportagens do site The Intercept Brasil que revelaram a ação coordenada entre o ex-juiz e ministro da Justiça Sérgio Moro e o procurador Daltan Dallagnol para direcionar as investigações da Operação Lava Jato. Para Dino as revelações são de inédita gravidade na história do Judiciário e demonstram um jogo de cartas marcadas entre os dois agentes públicos.

“Membros do Ministério Público não podem ter militância partidária. Resultados de eleições, bem como preferência ou antipatia por partidos políticos, não podem ser determinantes para suas atuações processuais. Reportagens mostram que vários de Curitiba não cumpriram as regras.”

Para o governador maranhense, que foi juiz federal por 12 anos, os “fatos revelados pelo The Intercept Brasil são de inédita gravidade na história do Judiciário e do Ministério Público”.
Fazendo uma analogia com a atuação de um juiz de futebol, Flávio Dino explicou didaticamente a ação ilegal de Sergio Moro: “Imaginemos um juiz de futebol que orienta um dos times, combina com um dos times antes de apitar cada lance, enquanto hostiliza o outro time. Isso é um jogo justo ? Ou um jogo de cartas marcadas ? Esse é o debate central que emerge das reportagens do The Intercept Brasil”.

Para o governador, em um processo precisa ser dado tratamento igualitário para as partes envolvidas, este deve ser “o centro do debate jurídico”, explica Dino, as conversas agora de conhecimento público, percebe-se que houve total parcialidade. “O tratamento igualitário das partes é a medula do devido processo legal…”. Assim decidiu o Supremo, em Acórdão relatado pelo Min Marco Aurélio”, lembrou o ex-juiz federal.

Nota contraditória do MPF

Numa tentativa de responder a reportagem, o Ministério Público Federal do Paraná (MPF/PR), onde atua a chamada Força Tarefa da Lava Jato divulgou nota em que afirma que seus membros foram vítimas de ação criminosa de um hacker. A nota, entretanto, não esclarece a atuação irregular dos procuradores em articulação com o juiz Sergio Moro acusa a reportagem de contrariar as melhores práticas jornalísticas e de ter um viés tendencioso.

Sobre a nota do MPF, Flávio Dino afirma que ela “é contraditória com o que eles sempre disseram e escreveram sobre liberdade de informação e primazia do interesse público sobre a intimidade”. Dino enfatiza que o MPF “fala em defesa da intimidade dos seus membros. Mas foram eles que vazaram áudios até da saudosa Dona Marisa e da então presidente da República”.

Com informações do Vermelho