O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), voltou a cobrar, por meio de suas redes sociais e da imprensa, nesta quarta-feira (29), que o governo Bolsonaro tome as atitudes necessárias para o enfrentamento do novo coronavírus no país. Apesar dos esforços locais, com ações como a montagem de 735 leitos UTIs e clínicos para pacientes com covid-19, o Maranhão chegou a 100% de sua capacidade instalada.

“Finalizamos agora mais uma reunião dos governadores do Nordeste com o ministro da Saúde. Fiz três sugestões ao Ministério: 1) Comprar mais respiradores; 2) Banco Central obrigar bancos a organizarem suas filas e 3) Ampliação de leitos no Hospital da Universidade Federal do Maranhão”, destacou o governador, em um tuíte.

Ao portal UOL, Flávio Dino explicou que por mais que façam os governadores, muitas ações dependem exclusivamente do governo federal. Ou são facilitadas pela posição do chefe de Estado que “ele e somente ele” pode assumir.

“Mas quem tem de fazer esse apelo? Eu, governador do Maranhão que vou falar com o presidente da China? Pegar o telefone e ligar para a Angela Merkel? Isso é papel do presidente da República! Ele tem de mandar o avião dele, que não está servindo para nada, até a China para buscar equipamento”, apelou.

Na opinião do governador do Maranhão, este não é o momento de pensar sobre a saída do presidente, mas de pressioná-lo para que menos pessoas sofram e percam a vida.

Isolamento já!

Flávio Dino afirmou ainda a responsabilidade do presidente da República no que diz respeito ao isolamento. Na opinião do governador, sem o apoio e um pronunciamento da maior autoridade do país, é difícil garantir que as pessoas cumpram as medidas preventivas e fiquem em casa.

O governador do Maranhão advertiu que sem distanciamento nas próximas duas semanas pode haver “colapso absoluto”.

“Hoje estamos na beira do precipício, na beira do colapso absoluto, e precisamos evitar, e Bolsonaro é o principal responsável para evitar essa situação”, prosseguiu.

Se for possível ampliar o isolamento, espera-se que a demanda por hospitais baixe, sendo possível dar atendimento com a capacidade instalada – e que ainda está sendo ampliada.

Ele ainda reclamou da aglomeração nos bancos federais para pagamento da ajuda emergencial. Flávio Dino tem apelado há vários dias pela ação do Banco Central, mas sem sucesso.

“Estamos vendo o crescimento de aglomeração de pessoas, em filas absolutamente aleatórias, desorganizadas. E isso se transforma em vetores poderosos do novo coronavírus. Não é apenas uma coincidência esse crescimento de casos em concomitância dessas gigantescas aglomerações sem que as autoridades federais tomem qualquer providência”, diz.

Ele afirmou ao UOL, também, que consultou o Exército se poderia atuar organizando filas dos bancos federais, tendo resposta negativa.

“Então a gente vê que não há uma mobilização do governo federal para enfrentar [o problema]”, concluiu.

Indignação

Ao portal UOL, Dino voltou a mostrar-se indignado com o desrespeito à vida da população que vem sendo demonstrado, com ações e omissões, pelo presidente da República. Neste ponto, disse que falava como cidadão brasileiro.

“Estou indignado com essas omissões, com essas inércias, com essas frases bárbaras, com essa indiferença. Estou indignado, acima de tudo como brasileiro; acima de tudo como cidadão do país; com pai; como filho que tem pai e mãe idoso. Eu estou vendo a situação por dentro como está o país todo, todo mundo está vendo pela TV, pela internet, menos Jair Bolsonaro”, afirma.

“Estou há 45 dias imerso nisso, e o presidente fazendo piadinha na porta do Palácio? Isso é inaceitável!”, concluiu.