Em entrevista ao programa “Conexão Xangai”, veiculado pelo Youtube, neste domingo (16), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) falou, entre outros temas, sobre a necessidade de amplitude na luta contra Bolsonaro, a volta do ex-presidente Lula ao xadrez da disputa eleitoral de 2022, a gestão no estado e o papel do investimento público na superação das desigualdades.

“Precisamos ter um pacto em torno de certos postulados. Um deles é que o Estado não pode ser demonizado e destruído”, disse Flávio Dino sobre pontos que devem ser convergentes entre as forças políticas a fim de construir um projeto político vitorioso e oposto ao bolsonarismo.

“É um demarcador de campos no que se refere ao futuro e à disputa de 2022. A defesa do papel do Estado, do serviço público, é vital. Em torno disso, devemos ter amplitude dentro do que for possível, em torno de um programa”. Para o governador, “Bolsonaro é um projeto de destruição nacional que deve ser removido o quanto antes”.

Neste cenário, Flávio Dino avalia que “a volta de Lula representa a tentativa de reconfiguração do pacto político que fez a transição da ditadura para a democracia”, enquanto Bolsonaro “é a destruição disso, é o primeiro presidente que se situa fora desse pacto político e que busca, inclusive, destruí-lo, abertamente, em todos os sentidos”. Ele explicou que o bolsonarismo é “um amplo projeto de desinstitucionalização; o fascismo do século 21 com a marca do ódio, da destruição, do medo”.

O governador ponderou que Lula “volta com muita força por ele próprio, pela perspectiva que ele representa de retomada de um projeto nacional-desenvolvimentista social, mas também porque ele acaba, objetivamente, respondendo a esta demanda por um pacto político mais estável”.

Com relação às responsabilidades de Bolsonaro na destruição do país, Flávio Dino salientou: “Tenho hoje a forte impressão de que o destino de Bolsonaro é o Tribunal Penal Internacional. Se ele escapar dos tribunais nacionais, ele não escapará do Estatuto de Roma, porque o ambiente internacional em torno dele também é muito desfavorável. Há muita notoriedade e diversidade nos absurdos que ele pratica: contra os povos indígenas, a Amazônia, o meio ambiente, na pandemia”.

Neste sentido, Flávio Dino avalia que o relatório da CPI da Covid poderá ser um  “elemento comprobatório porque caminha para fazer uma espécie de cronologia do negacionismo, que foi, desde o início, o que determinou uma série de atos, inclusive o fato de hoje pessoas estarem morrendo, majoritariamente, em face da falta de vacinas”.

O papel dos governadores

Flávio Dino falou, ainda, sobre o papel do Consórcio do Nordeste no enfrentamento à pandemia e à crise atual. Arranjos institucionais como este, enfatizou, “acabaram tendo sua importância projetada por conta dos desacertos federais. A pandemia mostrou que se não fossem as gestões subnacionais, o quadro seria pior; se não fosse a resistência política e técnica dos governadores; se não tivéssemos nos organizado amplamente para resistir ao negacionismo, teríamos hoje um milhão de mortos, pessoas morrendo no meio da rua”.

Com relação ao Maranhão, Flávio Dino explicou ter escolhido, como um dos pilares de sua gestão, o investimento público. “Nossa taxa de investimento público está sempre entre as maiores do Brasil, 10%, 11%; acho que a União está em 3% ou 4%”. Com isso, disse, “tentamos, de um lado, manter o nível de emprego com muita obra pública dentro do que é possível fazer” e de outro lado, “expandimos a rede de serviços públicos”.

O governador lembrou que o Maranhão “praticamente só tinha leito de UTI na capital” e que, até o momento, já foram abertos 23 hospitais e policlínicas. “E é por isso que hoje temos as menores taxas de mortalidade por coronavírus do Brasil; nunca tivemos colapso aqui”. Outro citado foi no terreno da educação. “O programa Escola Digna é um grande sucesso, foram 1.100 obras educacionais; tínhamos zero Escola em Tempo Integral e hoje temos 70, chegaremos a 100 neste ano”, apontou.

Flávio Dino citou como dois legados de sua gestão “acreditar no papel do Estado no investimento público sem estourar as contas” e “investir em ações que gerem efeito multiplicador na base e, ao mesmo tempo, muita política pública para criar redes de serviço público”.

 

Confira a íntegra da entrevista:

 

Por Priscila Lobregatte