Os riscos das privatizações desenfreadas e a importância da manutenção de bancos e fontes públicas de incentivo ao desenvolvimento do país foram alguns dos temas defendidos pelo governador Flávio Dino na edição maranhense do Diálogos Capitais. O evento, que já passou por cidades como São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Teresina (PI), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Natal (RN), foi realizado em São Luís nessa segunda-feira (14), no Convento das Mercês.

“Nós sabemos que temos um sistema privado bastante expressivo em nosso país, a questão que está colocada é se ao lado desse sistema privado nós precisamos de bancos públicos, qual dimensão e qual papel deles”, enfatizou.

Segundo o governador, ele tem defendido há anos que “o Brasil só vai conseguir incluir no desenvolvimento largas parcelas do nosso povo, e isso se refere também ao nosso ao estado, na medida que tenhamos esses bancos públicos abertos, acessíveis e indutores de desenvolvimento. E que financie programas sociais a exemplo do Minha Casa Minha Vida, a Agricultura Popular.

Flávio Dino ironizou: “O que é público é corrupto e ineficiente, aquilo que é privado é limpinho e eficiente, só que isso não ultrapassa nenhum teste empírico. Qual foi o grande esquema de corrupção no Brasil desvendado nas últimas décadas que não teve a participação privada, questionou. “Nenhum!”, explicou o governador.

Para ele, “o pensamento progressista, de esquerda é preciso ter cuidado para não cair nessa armadilha ideológica”.

“Minha abordagem aqui é nesse sentido em defesa dos interesses do povo do Maranhão para que esses bancos continuem atuando em nosso estado e no nosso país”, comentou Flávio Dino à imprensa ainda antes do debate dar início.

 

Defesa dos bancos públicos
Para Flávio Dino, se houver um movimento de diminuição dos bancos públicos para que os bancos privados ocupem mais largamente o mercado, teria dois resultados insatisfatórios como “a acentuação da concentração de riqueza e retirada do estado as condições para impulsionar o desenvolvimento da sociedade”. O governador frisou ainda que isso nunca aconteceu antes no Brasil e em nenhum país do mundo.

Responsáveis por mais de 85% dos financiamentos imobiliários realizados no Maranhão, os bancos públicos também administram importantes programas sociais como o Bolsa Família.

O governador destacou ainda o interesse público na discussão sobre as privatizações: “Por isso minha presença aqui, a defesa dos interesses do povo do Maranhão, para que esses bancos públicos continuem a atuar em nosso estado e em nosso país”.

Flávio Dino aproveitou para alfinetar os que dizem patriotas, mas que batem continência para a bandeira dos Estados Unidos. “Como brasileiro de fato e que acredita no Brasil e que veste o verde amarelo, por dentro e por fora, é imprescindível para os patriotas verdadeiros a defesa desse sistema de bancos públicos para que nós tenhamos uma nação soberana e, sobretudo, para que os pobres não percam ainda mais”.

Diálogos

Promovido pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal, em parceria com a revista Carta Capital, o Diálogos Capitais tem percorrido diferentes cidades. Com o tema “Bancos públicos sob ataque: desafios, riscos e perspectivas”, o evento trouxe reflexões sobre as privatizações prometidas pelo Governo Federal.

Também participaram como debatedores o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira; o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Maranhão (Sinduscon-MA), Fábio Nahuz; e a professora do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (CEFET-RJ), Elika Takimoto. O encontro foi mediado pela gestora de políticas públicas Luciana Soares.