O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), ao conceder, nesta quarta-feira (6), uma entrevista, ao vivo, ao jornal Valor Econômico,  fez uma avaliação dos impactos e enfrentamento à proliferação do coronavírus em seu estado. Segundo ele, o bloqueio total (lockdown) em São Luís pelo prazo de dez dias determinada pela Justiça é uma medida “profilática”, ou seja, tem a intenção de prevenir a propagação da doença.

Para o governador, a medida poderá ser ampliada, mas isso dependerá da análise epidemiológica do quadro no estado.“As semanas epidemiológicas mais complexas estão a se aproximar”, analisou o governador.

Flávio Dino considera que o estado não passou ainda por uma situação de caos, mas o quadro é complexo visto que as UTIs chegam a ocupação de 90% a 100% desde a semana passada.

“Fizemos um esforço gigantesco no nosso estado, saindo de 232 leitos exclusivos e chagamos a 761. Portanto, triplicamos a rede estadual de atendimento. E vamos quadruplicar: esta semana vamos entregar mais 150 leitos exclusivos para Covid-19 e depois mais 300”, contabilizou, pontuando que a meta é chegar a 1200 leitos exclusivos na rede pública estadual aos quais se somam os da rede privada, municipal e federal.

Multas

Na avaliação de Flávio Dino, o primeiro dia e meio de lockdown na região metropolitana de São Luis contou com grande adesão da população – que não vinha aderindo à mera sugestão, conforme o governador vinha apontando em entrevistas anteriores.

Agora, há também forças policiais organizando barreiras e impedindo a passagem de quem circula desnecessariamente.

“A medida é um sucesso até aqui e acredito que vamos conseguir reduzir a criação de novos casos”, declarou, lembrando que estão mantidas as atividades essenciais, a exemplo do abastecimento, rodovias, portos, ferrovias, que poderiam gerar danos não só econômicos como também para o cotidiano da população.

Quando a sanções, o governador lembrou que há leis federais que indicam aplicação de multas, interdição de estabelecimentos e até prisão em caso de desrespeito à determinação judicial para bem sanitário da população.

“Em primeiro lugar, estamos adotando o caminho da conscientização. Estamos conversando e pedindo que as pessoas voltem para casa. A partir de amanhã (quinta-feira) vamos começar a aplicar a lei”, afirmou, lembrando que a orientação do governo é sempre manter o “senso de proporcionalidade, cuidado e prudência”, que “não queremos impor regime de pânico”, mas que é preciso garantir a saúde das famílias.

Ministério da Saúde

Dino também falou da relação do seu governo com o Ministério da Saúde tanto na gestão Mandetta quando posteriormente às recentes mudanças, que impõe dificuldades

“Considero que há alguma lentidão na atuação concreta. No caso do Maranhão, recebemos do ministério 20 kits de UTI. Agradecemos. Mas é claro que 20 kits, quando estamos falando em escalas de mil, é uma contribuição bastante modesta”, ponderou, lembrando as responsabilidades do governo federal, que não determinou a fabricação de respiradores no país e não tem usado os instrumentos a disposição, como a Força Aérea Brasileira, para buscar equipamentos médico-hospitalares.

Quanto ao novo ministro, Nelson Teich, e sua equipe, Dino garantiu que “gentileza há muita”. Porém, reclamou da falta de ações práticas no nível necessário.

“Acredito que o ministro é também um pouco vítima de um contexto muito difícil em que o chefe da equipe [Bolsonaro] não cuida do tema. Isso faz com que o trabalho de qualquer ministro da saúde seja muito difícil”, ponderou.

“Você nota que [Teich] está tolhido, constrangido, pressionado. Porque ele, aparentemente, ele tem conhecimento científico e sabe que as medidas restritivas são essenciais, mas o presidente da República é contra tanto em palavras quanto eu ações”, opinou.

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