Flávio Dino: A fé, a esperança e o amor
Na homilia do último domingo, quando celebramos o Dia de Pentecostes, o Papa Francisco nos despertou a refletir sobre a necessidade do fazer o bem para além de nós mesmos, com coragem para praticar o amor e a ajuda ao próximo, sem dar lugar às paralisias oriundas do egoísmo humano. Nesta data de memória sobre a vinda do Espírito Santo aos discípulos de Cristo, trazendo transformação e esperança, estas palavras vêm como um convite a exercitarmos o amor, em meio a tempos tão difíceis, como este que enfrentamos. O sentido dessa mensagem se completa na próxima quinta-feira, dia de Corpus Christi, em que trazemos à memória o corpo de Cristo, simbolicamente representado pela hóstia.
Por Flávio Dino*
As três palavras que hoje intitulam este espaço refletem uma equação necessária para vivermos os dias atuais, enfrentando todas as dificuldades que se impõem. Em tempos de desafios e tantas incertezas, a fé se torna fundamental para perseverarmos na batalha, com olhos fitos num amanhã de esperança, agindo, sobretudo, por meio do amor. Esta tríade foi recomendada pelo apóstolo Paulo aos Coríntios, em sua primeira carta: “Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.” (1 Coríntios 13:13)
Paulo, que já havia sido fruto de uma enorme transformação graças ao amor de Deus, dedica importante seção de sua carta ao povo de Corinto para falar do amor. Diz o apóstolo: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Co 13:4-7). Entendamos que é pelo amor que podemos defender aqueles que mais precisam e prosseguir em defesa de tantas vidas, de forma incansável, em meio à maior crise mundial do século. É por meio do amor que podemos agir com sensibilidade pela dor do próximo, com coragem diante de injustiças e com indignação frente ao desrespeito ao valor da vida.
Infelizmente, este ano, não poderemos celebrar Corpus Christi em comunhão em nossas Missas, tampouco com a beleza das manifestações populares que enfeitam alegremente as nossas cidades. Convido a todos que aproveitem esse momento para nos unirmos em reflexão sobre a responsabilidade de amarmos ao próximo e cuidarmos uns aos outros, fortalecendo a nossa fé, praticando a compaixão e regando a esperança de que dias melhores virão para todos nós. E que sobre todas as coisas, permaneça o amor!