Findect: lucro dos Correios desmonta tese do governo para privatização
Empresa registrou lucro líquido de R$ 1,53 bilhão em 2020, melhor resultado nos últimos 10 anos, representando uma forte elevação frente aos resultados obtidos em 2019, que teve ganho de R$ 102,1 milhões.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT- Correios) divulgou o balanço de 2020 no Diário Oficial da União (DOU), nesta quinta-feira (27), registrando lucro líquido de R$1,53 bilhão em 2020. De acordo com o documento, este é o melhor resultado nos últimos 10 anos, representando uma forte elevação frente aos resultados obtidos em 2019, que teve ganho de R$102,1 milhões.
Para a Federação Interestadual dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Findect), o resultado demonstra como são falaciosos os argumentos apresentados pelo governo federal e pelos defensores da privatização de que a empresa não é lucrativa.
O lucro é fruto do aumento das vendas pela internet (e-commerce) no ano passado, quando a estatal teve papel essencial para a manutenção de serviços e vendas durante a pandemia, apesar da queda no número de funcionários de cerca de 130 mil para 98 mil em poucos anos, no período em que os serviços de entrega de encomendas aumentaram exponencialmente.
É o 4º ano seguido de resultados no azul após 4 anos de prejuízos. Em 2018 a empresa registrou lucro de R$ 161 milhões e de R$ 667,3 milhões em 2017.
Apesar do resultado, a direção da ECT justifica que o aumento do lucro é fruto da “modernização” implantada com a redução do quadro de funcionários e fechamento de agências, levando à “retomada e manutenção dos altos índices de qualidade operacional”.
A Findect alerta, no entanto, que o que o governo Bolsonaro está chamando de “modernização”, neste caso, não é algo positivo. “Pelo contrário. São medidas para enquadrar a empresa nos moldes neoliberais, com máxima exploração do trabalho. E para prepará-la para uma privatização”, diz comunicado da Federação.
A redução do quadro de funcionário e o fechamento de agências têm feito com que os trabalhadores tenham demanda dobrada e represamento de entrega em alguns casos, de acordo com a entidade. Além disso, a Findect alerta que o processo de desmonte dos avanços dos acordos coletivos de trabalho fazem com que, além de trabalhar “como um louco, vendo o serviço acumular sem que seja possível dar conta”, a categoria está com “direitos a menos e com medo em meio aos perigos da Covid e das ruas”.
O aumento das vendas pela internet e a dedicação dos trabalhadores na construção da empresa são os responsáveis pelo resultado dos últimos anos e do lucro recorde de 2020. Isso apesar da chamada “modernização”, ou seja, do desmonte, e não por causa dela.
“De fato estão adotando medidas extremas de pressão e terror para obrigar a categoria a se adequar à exigência de trabalhar em dobro, em meio aos perigos da pandemia e da violência urbana, com adoecimento crescente, mas com um convênio médico cada vez mais precário, menos diretos e remuneração drasticamente reduzida”, denuncia a Findect.
Com o lucro obtido no ano passado, o prejuízo acumulado da estatal foi reduzido para R$ 859,1 milhões. O prejuízo acumulado até 2019 era de R$ 2,4 bilhões, de acordo com o balanço.
O patrimônio líquido da estatal, por sua vez, subiu em 2020 para R$ 949,7 milhões, ante R$ 146,8 milhões em 2019. Segundo o balanço, o capital social da empresa atingiu R$ 3,382 bilhões no final do ano passado, constituído integralmente pela União.