Final da apuração confirma Castillo como presidente eleito do Peru
O Órgão Eleitoral Peruano (Onpe) divulgou no final da tarde desta quinta-feira (10) o encerramento da apuração das urnas com a vitória do candidato presidencial pelo partido Peru Livre, Pedro Castillo.
Conforme os 100% das atas processadas, o professor cajamarquino obteve 8.800.081 votos (50,198%), enquanto Keiko, filha do ditador Alberto Fujimori [preso por crimes de lesa-humanidade], ficou com 8.730.535 (49,802%), uma diferença de 69.546 votos.
Diante das inúmeras tentativas dos fujimoristas de anular a decisão soberana das urnas, o professor rural havia conclamado as autoridades eleitorais para que “em favor do país e pela democracia, por nossa pátria, sejam respeitosos e não manchem a vontade do povo peruano”. “Temos a contagem do partido em que o nosso povo se impôs nesta façanha e o saúdo”, acrescentou.
Na segunda-feira (7), Keiko Fujimori, havia alegado uma suposta “fraude”, sem mostrar prova concreta alguma e, posteriormente, se tornou público que uma montanha de dólares estava movimentando firmas de advogados na tentativa de impugnar atas que favoreciam a Pedro Castillo. Na quarta-feira (9) à noite os fujimoristas anunciaram que iriam pedir à Justiça Eleitoral a anulação de 802 atas.
Para o analista Fernando Tuesta, ex-titular do Onpe, a atitude de Keiko ao apontar uma possível fraude é “repugnante”. “Ela já deixou de reconhecer os resultados em oportunidades anteriores. E, devido a essa posição, levou o país a níveis de ingovernabilidade que sofremos até hoje”, condenou.
“Não é possível declarar a anulação de grupos de atas que já tenham sido contabilizadas porque a Lei Orgânica de Eleições é bem clara e proíbe isso”, explicou Cristhian Jaramillo, especialista em temáticas eleitorais. “Se exigiram a nulidade das mesas de sufrágio deveriam apresentar algumas provas muito mais fortes. No Peru não existe a figura da contagem de votos porque os votos são destruídos, o que existe é a ata”, acrescentou.
O Júri Nacional de Eleições informou que a Missão de Observadores da União Interamericana de Órgãos Eleitorais apresentou relatório no qual afirma que o pleito ocorreu de modo regular e com êxito. No mesmo sentido, a Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), composta por 40 membros, apontou que a eleição transcorreu normalmente e que eventuais inconformidades “não comprometeram a eleição como um todo”.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, saudou o presidente eleito e comunicou a Castillo seu desejo de unir “esforços em favor da América Latina”.