Fim do auxílio emergencial refletiu na produção industrial em janeiro
Em janeiro de 2021, a produção industrial variou apenas 0,4% frente a dezembro, na série com ajuste sazonal, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os nove meses seguidos de alta no ano passado, com um crescimento acumulado de 42,3%, eliminou o tombo verificado nos meses de março e abril (-27,1%), mas não impediu que o setor industrial ficasse 12,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011 e terminasse o ano de 2020 encolhendo 4,5%. Em doze meses, a produção industrial brasileira acumula queda de 4,3%.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria), “foi um início de ano fraco”.
“A indústria continuou se expandindo, mas sem evitar razoável desaceleração, em função de um quadro econômico mais desafiador, com o aumento de casos de Covid-19, fim dos programas emergenciais e níveis muito altos de desemprego”, destacou o Iedi.
Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo, o fim do auxílio emergencial e o recrudescimento da pandemia tiveram efeitos importantes no resultado da indústria.
“Como o que vinha sustentando o consumo, que era o auxilio emergencial, acabou em dezembro, isso também se refletiu nessa desaceleração da produção industrial em janeiro. Tem também efeitos importantes da intensificação da pandemia, especialmente no Amazonas”, afirmou Macedo.
Apesar de positivo, o resultado de janeiro mostra desaceleração, conforme assinalou o gerente da pesquisa. “Chama atenção neste mês a quantidade de ramos que ficaram no campo negativo, que foram maioria, um comportamento que não foi observado nos meses anteriores dessa sequência de nove meses de crescimento”, apontou André Macedo.
Duas das quatro das grandes categorias econômicas e 14 dos 26 ramos pesquisados registraram queda na produção. “Dos 26 ramos acompanhados pelo IBGE, 17 cresciam no final de 2020, mas agora em jan/21 foram 11, isto é, menos da metade da indústria”, diz Iedi.
Em janeiro deste ano, em relação a dezembro do ano passado, o melhor desempenho foi a produção de bens de capital (4,5%). Na produção de bens de consumo semi e não duráveis a alta foi de 2%. Nesse caso, o Iedi observa que “este macrossetor vem alternando meses de altas e quedas desde o último trimestre do ano passado. Este período coincide com a redução do auxílio emergencial pago às famílias e sua posterior extinção em 2021. Frente a jan/20, houve queda de -0,4%, devido aos setores de carnes e de bebidas”.
Entre as quedas, bens intermediários registraram a maior queda: -1,3% ante o mês anterior. “Com isso,
eliminou a alta de dez/20 e indicou estar parado desde a entrada do último trimestre do ano passado, já que variou -0,2% tanto em out/20 como nov/20. Frente a jan/20, teve desaceleração puxada por intermediários de alimentos, de derivados de petróleo, de veículos e de metalurgia, passando de +8,2% em dez/20 para +2,3%”, avalia o Instituto.
“Bens de consumo duráveis, por sua vez, registraram seu primeiro recuo desde abr/20: sua produção caiu -0,7% em jan/21 na série com ajuste sazonal. Na comparação com jan/20 registrou -4,2%, devido a veículos, outros equipamentos de transporte e eletrodomésticos da linha marrom”, ressalta a analise do Iedi sobre a produção industrial de janeiro.