O colapso da Boeing chega agora também à área espacial. A Nasa anunciou que irá lançar uma investigação sobre o “fiasco de US$ 6,8 bilhões” da cápsula espacial Starliner, em fase de testes, que deverá levar astronautas dos EUA de volta à Lua. A investigação é sobre porque a cápsula não cumpre os principais marcos dos testes.
Em dezembro passado, o teste de voo orbital da cápsula projetada pela Boeing, planejado para durar sete dias, teve de ser abortado com dois, após o fracasso em alcançar uma órbita adequada, por erros de cálculo do software.
O que também impediu o teste de aproximação e encaixe na Estação Espacial Internacional (ISS), atrasando o programa HLS, de retorno dos EUA à Lua.
A investigação foi ativada na sexta-feira por Douglas Loverro, administrador associado da Nasa para a Diretoria de Missão de Exploração e Operações Humanas.
Pouco antes de retornar a cápsula à Terra, as equipes de terra da Boeing identificaram, segundo a Reuters, mais códigos ruins que, se não tivessem sido detectados, poderiam ter inclusive causado a perda da espaçonave.
De acordo com a agência espacial, relatório da equipe de revisão independente, composta por técnicos da Nasa e da Boeing após o insucesso do teste, detalhou 61 ações que precisam ser tomadas antes que a Boeing possa devolver a Starliner à plataforma de lançamento.
Loverro revelou, ainda, que essa revisão descobriu que havia “muito pouca supervisão sobre o desenvolvimento e os testes de software” da Starliner.
O que torna imprescindível a nova investigação ordenada, porque os “processos organizacionais” em voga na Boeing “permitem que alterações na codificação de software e outras ações não especificadas sejam aprovadas sem coordenação com o conselho de revisão de engenharia da Starliner”. Uma aberração em matéria de engenharia.
Parece com o conto de terror do 737 Max e seu software mágico, que fez dois 737 Max se esborracharem apesar das tentativas desesperadas dos pilotos dos aviões.
Na entrevista coletiva, Loverro explicou que as descobertas da equipe de revisão o obrigaram a “ir em frente” e proceder a uma investigação sob a cláusula de “alta visibilidade”, que obriga a determinar a “causa raiz” do problema.
A investigação formal sobre a Boeing – poderá, segundo Loverro, ter “ramificações para outros programas da NASA e contratos associados a fornecedores comerciais”.
“Vamos analisar os processos organizacionais da Boeing e os processos organizacionais da Nasa para garantir que realmente aprendamos com esse evento e que possamos corrigi-lo e garantir que isso não aconteça novamente”, acrescentou.
Jim Chilton, vice-presidente sênior de Espaço e Lançamentos da Boeing, reagiu ao anúncio, se declarando surpreso e nada saber sobre a “avaliação organizacional” determinada pela Nasa.
A Boeing “está pronta” para repetir um teste de voo orbital, acrescentou. “Nós apenas queremos ter certeza de que tudo o que voamos a seguir esteja alinhado com as preferências da Nasa e, é claro, todos nós queremos segurança da tripulação”, asseverou.