Sem a renovação do auxílio emergencial este ano, a renda de trabalhadores informais poderá cair até 37%, segundo o estudo do Centro de Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (Cemif/FGV), divulgado na terça-feira (23).

A análise dos economistas Lauro Gonzalez e Leonardo Oliveira considerou para a conta os chamados “trabalhadores invisíveis”, termo cunhado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para se referir a trabalhadores informais que vivem com renda mínima, mas não são elegíveis aos programas sociais como Bolsa Família ou Benefício de Prestação Continuada. Estudos recentes dos pesquisadores estimam que 38 milhões de trabalhadores nesta situação receberam o auxílio emergencial no ano passado (61% do total).

Mais da metade desses trabalhadores desempenham atividades informais (64%) e têm um baixo nível de qualificação com, no máximo, ensino fundamental (55%), fatores que os tornam mais vulneráveis à situação de pandemia e à crise econômica.

“Há um contingente de milhões que, embora não recebam o Bolsa Família ou o BPC, possuem fluxos de renda baixos e variáveis, geralmente oriundos de atividades inseridas na economia do ‘bico’”, explica o economista Lauro Gonzalez, afirmando que a pandemia “escancarou” a situação desses trabalhadores no país.

Tendo como parâmetro a renda usual pré-pandemia, o estudo estima que, sem o benefício, a queda na renda é da ordem de 37% na renda das trabalhadoras informais “invisíveis”. Para homens, a renda encolhe 30%.

Considerando um cenário pessimista em que o auxílio voltaria com um valor R$ 250,00, esses trabalhadores teriam um aumento na renda de 17% para homens e 25% para mulheres dentro da categoria de invisíveis.

“Todos os estados e o DF apresentariam ganhos, especialmente aqueles das regiões Norte e Nordeste do país”, avaliam Lauro Gonzalez e Leonardo Oliveira, em referência a ganho de renda para invisíveis informais no melhor dos cenários simulados.

Em um cenário em que milhões de pessoas continuam desamparadas e as mortes pela Covid-19 batem recordes diários, a continuidade do auxílio emergencial se faz urgente. Às vésperas da votação de uma nova PEC Emergencial, o governo federal quer condicionar a aprovação de uma nova rodada da renda emergencial a cortes nos recursos constitucionais da saúde de educação.

Economistas e lideranças políticas propõe um valor inicial de R$ 600, compatível com o valor da cesta básica, até a significativa melhora dos indicadores relativos ao controle da pandemia da Covid-19 e a evolução da vacinação.