O show encerrou o primeiro dia do Festival Vermelho com Martinália, Zélia Duncan, BNegão, Francisco El Hombre e o DJ Saddam.

“Florescer a esperança” e “Fora Bolsonaro”. Essas foram as palavras de ordem que encheram de vida, alegria e determinação de luta a abertura das comemorações do centenário do PCdoB no belíssimo espaço projetado por Oscar Niemeyer em Niterói (RJ), banhado pelo sol e pela Baía de Guanabara, na sexta-feira (25).

Cerca de 2 mil pessoas circularam no espaço ao longo do primeiro dia do evento. Caravanas vindas de diversos locais do país, número que só cresceu no fim da tarde e a chegada da noite.

Luciana Santos, presidente do PCdoB, e a deputada federal Jandira Feghali, no centro da foto, com membros do CC do partido

As pessoas se espalhavam em várias atividades, debates, lançamentos de livros, e tendas de discussões sobre os desafios para libertar o Brasil de Bolsonaro, a luta das mulheres, o enfrentamento das questões raciais, o debate sobre comunicação “em tempos de ódio e desinformação”, exibições de filmes e apresentações musicais como o Afoxé Filhos de Gandhi, o forró pé de serra do Trio Rapacuia e o show que fechou a noite, com Martinália, Zélia Duncan, BNegão, Francisco El Hombre e o DJ Saddam.

Logo no início, o evento foi marcado por um momento de beleza e emoção, com a saída em caravana dos membros do Comitê Central do Teatro Popular – onde das 14h às 17h o partido esteve reunido em celebração dos cem anos de fundação do PCdoB e deliberou sobre as tarefas a empreender para enfrentar os desafios atuais -, descendo a rampa com o Afoxé Filhos de Gandhi à frente para abrir oficialmente o Festival Vermelho.

Seguindo em direção à exposição Audiovisual da História do PCdoB, no Auditório Niemeyer, estandartes e bandeiras, aqueles homens e mulheres…, dirigentes velhos, moços, não tão velhos e não tão moços, jovens… foram abraçados pelas centenas de pessoas que já se espalhavam pelo local.

Com vivas ao PCdoB e gritos de “fora Bolsonaro”, as gerações entrelaçadas na celebração desses cem anos, na percepção da própria trajetória do país, na certeza da contribuição inelutável que deram para todos os avanços em prol do povo, do Brasil, do desenvolvimento em todas as áreas do país, encheram o amplo espaço do complexo arquitetônico.

“O que esta história nos diz é que enquanto houver injustiças e desigualdades, permaneceremos na luta”, afirmou a presidente do partido e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, diante das enormes imagens projetadas nas paredes em que se viam a trajetória do partido desde 1922, quando nascia justamente na bela cidade de Niterói, até os dias atuais.

Também projetada na parede branca do foyer do teatro, o texto de apresentação da exposição, que teve curadoria de Adauberto Monteiro e Guido Bianchi, diz: “O legado do PCdoB abarca um conjunto de batalhas por um país desenvolvido, soberano, democrático e de bem estar para o povo”.

“O PCdoB é centenário e contemporâneo. E a expressão disto é a síntese de seu programa: Fortalecer a nação e lutar pelo socialismo. O PCdoB atua no presente mirando o futuro. Está empenhado na tarefa de libertar o país do desastroso governo Bolsonaro, restaurar a democracia e promover a reconstrução nacional”.

Exposições marcaram o evento

A deputada federal Jandira Feghali, que esteve à frente de toda a organização do Festival Vermelho, afirmou que durante o mergulho na história desses cem anos, se deparou também com o mergulho na sua própria história, nos seus 40 anos de militância, e ressaltou o papel protagonista das mulheres dentro do partido. “Acabei me dando conta que sou a parlamentar com o maior número de mandatos no Congresso, e isso diz muito sobre o nosso partido, sobre como as mulheres se inserem nele. Existimos e cumprimos plenamente o nosso papel, com a luta do povo na cabeça, com os pés no chão e emoção”.

Após a inauguração da exposição, diversos eventos aconteciam simultaneamente, e um dos mais concorridos foi o lançamento do livro “Golpe derrotado”, do jornalista PH de Noronha, que conta a trama armada pela direita para tirar do poder o então prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, que concorre ao governo do Rio de Janeiro pelo PDT.

Lançamento de livros

O livro “trata de uma articulação bolsonarista para derrotar a trajetória progressista da política em Niterói”, disse o secretário das Culturas do município, Leonardo Giordano, do PCdoB, ao iniciar o debate sobre o livro, que reuniu mais de 200 pessoas no auditório.

Outro evento muito concorrido foi o debate “Florescer a Esperança: desafios da comunicação em tempos de ódio e desinformação”, que contou com a presença do professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Sérgio Amadeu, do deputado federal pelo PCdoB-SP, Orlando Silva, do editor-executivo do portal The Intercept, Leandro Demori, da jornalista e ex-deputada federal Manuela D’Ávila e da diretora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Suzy dos Santos.

O debate, que foi mediado pela secretária nacional de Comunicação do PCdoB, Renata Mielli, e pela mestra e doutora em ciência da literatura Dani Balbi, discutiu o combate às fake news nas eleições que se aproximam, à máquina de ódio comandada por bolsonaristas e os desafios da luta pela democratização das comunicações.

“Como enfrentar o desafio de uma regulação que seja global? A operação da internet é transnacional por natureza. A internet não é um território sem regras, ela tem regras fixadas pelo mercado em escala mundial. Precisamos pensar numa perspectiva internacionalista. O debate sobre a regulação na internet vai nos expor a determinados debates políticos, éticos e de valores.  Existem garantias individuais que são fundamentais que sejam preservadas para o bem da democracia”, defendeu o deputado federal Orlando Silva, que é relator do Projeto de Lei das Fake News.

Para a jornalista e ex-deputada federal Manuela D’Ávila, “temos que voltar a debater e organizar as nossas ferramentas de comunicação”.

“Temos que mostrar quem nós somos, falar menos sobre o que eles falam e mais sobre o que nós queremos falar. Nós somos o terror deles, porque nós acreditamos num mundo completamente diferente do mundo deles”, defendeu Manuela.

Mas a noite já ia alta, e a festa, lá fora, com muita música e dança, estava apenas começando.

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Fonte: Hora do Povo