Festa do Avante fortalece a luta dos portugueses e a solidariedade
Ocorreu com êxito, entre 7 e 9 de setembro, a 42ª Festa do Avante, órgão do Partido Comunista Português (PCP). No festival de rica programação cultural e política, apresentações musicais, feira literária, debates e atos de solidariedade participaram milhares de militantes portugueses e mais de 50 delegações vindas de diversos países. Do PCdoB participaram o secretário Sindical, membro do Comitê Central, Nivaldo Santana e Moara Crivelente, da Comissão de Política e Relações Internacionais.
A Festa é anualmente construída pelo trabalho voluntário e comprometido dos militantes das diversas organizações regionais do PCP, com estandes que representam das diversas regiões do país e áreas de atuação do partido. Há espaços da juventude, da mulher, da emigração, da ciência, das artes e também o espaço internacional, onde se reúnem os estandes de diversos partidos internacionais de todos os continentes, como os do PCdoB e do PT.
Ambos os partidos participaram de atos de solidariedade e debates em que a luta do povo brasileiro foi abordada em conjunto com as lutas de outros povos. Nivaldo Santana falou da resistência ao golpe no país e da importância da solidariedade internacional, em especial à do PCP, em três eventos públicos e na reunião das delegações com a Direção do partido, no sábado (8) e no domingo (9).
No sábado (8), o PCP organizou o debate “Um mundo em mudança – desenvolvimentos e tendências de fundo da situação internacional”, mediado pelo seu secretário de Relações Internacionais Pedro Guerreiro. Ao lado de representantes dos partidos comunistas dos Estados Unidos, da Bielorrússia e da Rússia, Nivaldo falou da perspectiva do PCdoB sobre a atual conjuntura mundial e o lugar do golpe no Brasil neste quadro. Ele destacou a crise do capitalismo e o movimento de transição nos centros de poder como fatos relacionados que “estão na raiz da situação do mundo nos dias de hoje, de grande instabilidade, tensão e crescentes ameaças à paz mundial.”
Delegações internacionais em reunião com o PCP durante a Festa do Avante!
Após fazer um apanhado da situação mundial e regional em que se enquadra a crise no Brasil, Nivaldo sublinhou que, com o golpe de agosto de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff e a instauração do governo ilegítimo de Michel Temer, “a ruptura da democracia no país e a imposição de um programa ultraliberal, neocolonial e autoritário agravaram em demasia todos os problemas nacionais”.
O dirigente denunciou a agenda de privatizações e entrega de setores estratégicos nacionais ao capital estrangeiro e a ofensiva contra os direitos dos trabalhadores. Mas também destacou que a grande constatação para “a maioria dos brasileiros, inclusive para certos setores que se iludiram e chegaram a se simpatizar com o golpe de Estado, é que o novo governo fracassou em toda linha. Sua agenda conservadora hoje é contestada pela maioria absoluta da população. Mesmo com dificuldades, há resistência e ampliação do movimento de oposição. Nessa resistência, algumas vitórias foram alcançadas, como a derrota da proposta do governo de reformar a Previdência Social.”
Ao final, intervenientes portugueses da plateia demonstraram sua solidariedade ao povo brasileiro e repudiaram a campanha de desinformação em seus meios de comunicação, enquanto brasileiros reforçaram a denúncia sobre o desmonte nacional pelas forças golpistas. Nas intervenções ficou patente a continuidade da luta pela libertação do presidente Lula, um prisioneiro político neste quadro que arrisca se consolidar numa ditadura, a começar pela violação da soberania do voto popular.
Nivaldo Santana durante debate sobre o Brasil, na Festa do Avante!
No ato político-cultural de solidariedade com os povos da América Latina No Pasarán, no Palco Solidariedade, após a declamação de poesias e a performance de músicas de Victor Jara e outros compositores latino-americanos, ficou a denúncia do golpe no Brasil, por Nivaldo Santana e Ivone Santos, representante do Núcleo do PT em Lisboa, e da perseguição aos líderes comunitários e combatentes pela paz na Colômbia.
Luta dos portugueses e solidariedade internacionalista
Em seu discurso de abertura da Festa do Avante, na sexta-feira (7), na reunião com as delegações internacionais, no sábado (8), e no Comício de encerramento do festival, no domingo (9), o secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa transmitiu a determinação dos comunistas portugueses na luta contra a política de direita que tanto assolou o país no período de crise, com a submissão dos sucessivos governos à agenda de arrocho imposta pela troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia).
Além disso, ele comentou no comício de encerramento que “uma política alternativa para o desenvolvimento sustentado do País não pode subestimar o significado e consequências do retrocesso dos sectores produtivos nacionais. Não pode subestimar a brutal dimensão da redução do peso da indústria, da agricultura e das pescas na economia do País, que hoje representam menos de um quarto da riqueza gerada. Questão estratégica de uma política que se quer ao serviço do País continua ignorada como uma prioridade pelo governo minoritário do PS [Partido Socialista]. Um País que não produz não tem futuro.”
Ficou em destaque a alternativa apresentada pela coligação de que o PCP faz parte, a Coligação Democrática Unitária (CDU), com uma “intervenção que se distingue e marca a diferença em todas as instituições em que estamos presentes. No Parlamento Europeu, na defesa dos interesses nacionais e da sua soberania, com uma vasta iniciativa nos mais diversos domínios e na cooperação entre os povos, e na defesa da Paz e do desarmamento. Na Assembleia da República, com a centralidade dada pelo novo quadro político, asseguramos uma ação sem paralelo na defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País.”
Na reunião com as delegações, Jerónimo de Sousa comentou a atuação dos portugueses no cenário nacional e fez uma avaliação do atual quadro mundial de crises e desafios, mas reafirmou a solidariedade dos comunistas portugueses à luta dos povos em todos os continentes. Representantes de partidos e frentes de diversos países puderam fazer saudações e comentar também suas próprias lutas, como o fizeram os delegados de Cuba, Argentina, Brasil, Nicarágua, Palestina, Saara Ocidental, e tantos outros.
O dirigente português também destacou o bicentenário do nascimento de Karl Marx e sua “presença marcante no programa da Festa, reafirmando que o seu legado se expressa na prática e no projeto do PCP, na luta pelo socialismo e o comunismo como projeto de futuro da humanidade, alternativo ao capitalismo.”
Neste sentido, Jerónimo de Sousa saudou a presença das delegações internacionais e afirmou que o PCP reafirma seus princípios “de Partido internacionalista”, apelando pelo “fortalecimento da solidariedade entre os partidos comunistas e das forças anti-imperialistas num mundo que apresenta traços inquietantes e perigosos.”
Leia a íntegra de seu discurso no site do Partido Comunista Português.