Faturamento, emprego e renda pioram na indústria, diz CNI
Os Indicadores Industriais calculados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados na quinta-feira (4), consideram um quadro pior para a indústria em setembro em relação a agosto deste ano.
Os números apurados pela CNI mostram que o emprego da Indústria de Transformação ficou no mesmo nível de agosto, na série livre de efeitos sazonais, e ficou estagnado no mês de setembro (0,0%). Com isso, foi consolidada a desaceleração das contratações pela indústria, já apontada no mês anterior (0,1%).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial brasileira recuou 0,4% em setembro em relação a agosto e encerrou o terceiro trimestre no vermelho, com queda de 1,1%. Com o resultado de setembro, foi a quarta queda consecutiva da produção industrial que acumula perda de 2,6% no período. A indústria se encontra 3,2% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia, e 19,4% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011.
Faturamento recua 1,5%
A entidade também apontou que o faturamento real da Indústria caiu 1,5% em setembro frente a agosto, na série dessazonalizada. Em relação a setembro do ano passado a queda é de -9,9%.
“O resultado segue a tendência de retração observada desde o início do ano. Destaca-se que o faturamento real da Indústria vinha alternando altas e baixas, com as últimas mais acentuadas, mas na primeira vez do ano o faturamento caiu por dois meses consecutivos. No último bimestre, a queda do faturamento somou 6,3%. No acumulado de janeiro a setembro, a queda alcança 9,0%”.
Terceira queda seguida da utilização da capacidade instalada
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) caiu 0,2 pontos percentuais em relação a agosto, na série dessazonalizada. Essa é a terceira queda seguida do indicador, que permanece em patamar alto, acima de 80%.
Rendimento médio real em queda
O rendimento médio real também ficou estagnado em setembro (0,0%) e vem sofrendo quedas sucessivas ao longo de 2021. Em setembro em relação ao mesmo mês anterior caiu -5,0% e acumula queda de -2,6% entre janeiro e setembro.
Para o gerente de Análise Econômica, Marcelo Azevedo, os dados da indústria refletem o atual quadro problemático brasileiro de alta de juros, descontrole da inflação, da falta de insumos e da crise hídrica.
“A economia continua em trajetória de normalização com o avanço da vacinação. A indústria poderia estar em melhor momento, mas essa série de problemas traz insegurança e trava a atividade”, disse o economista.
No acumulado de janeiro a setembro, as horas trabalhadas na produção caíram 2,9%.