Faturamento da indústria recua em março
O faturamento da indústria brasileira recuou 0,4% em março em relação a fevereiro, já considerando os efeitos sazonais. É a segunda queda consecutiva. Na comparação com março do ano passado, a queda foi forte, de 6,4%. No acumulado do primeiro trimestre é ainda mais acentuada, ficando em 6,7%.
Segundo os Indicadores Industriais, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria, na segunda-feira (9), a massa salarial e o rendimento médio real também registraram quedas de -0,3% e -0,4%, respectivamente, na mesma comparação, enquanto o índice de emprego se manteve “estável” (0,0%) pelo segundo mês consecutivo.
É cenário que reflete o baixo crescimento da indústria, agravada no governo Bolsonaro, com os cortes nos investimentos, inflação acelerada e juros nas alturas, em 12,75%.
Juros altos comprometem produção, consumo e emprego
“Este novo aumento da taxa de juros deve comprometer ainda mais a atividade econômica, que já dá claros sinais de fraqueza. Para a indústria, a intensificação do ritmo de aperto da política monetária piora as expectativas para o crescimento econômico em 2022, com efeitos adversos sobre a produção, o consumo e o emprego”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, em nota após a decisão do Comitê de Política Monetária do BC na semana passada.
As horas trabalhadas na indústria em março também ficaram “estáveis” sobre fevereiro (0,0%), considerando o ajuste sazonal.
A utilização da capacidade instalada na indústria também recuou e atingiu 80,9% em março, ante 81,0% no mês anterior. Em março de 2021 estava em 80,3%.
A CNI já alertara na divulgação dos dados negativos em fevereiro “que a indústria ainda está muito distante de recuperar as posições antes da pandemia”.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), “a indústria segue produzindo menos do que um ano atrás, apresentando seu terceiro trimestre consecutivo de queda. Depois de encolher -1,1% no 3º trim./21 e -5,8% no 4º trim./21, a produção industrial caiu -4,5% no 1º trim./22, sendo a primeira vez desde o início da pandemia que todos os macrossetores industriais ficaram no vermelho“.