Falta de apoio emergencial do governo conflagra chilenos em Santiago

Em vez de verbas, o governo do presidente Sebastián Piñera enviou a repressão da Força Especial de Carabineros disparando gás lacrimogêneo e canhões d’água, prendendo mais de duas dezenas.
Entoando “Estamos passando fome”’ e reivindicando recursos imediatos, os manifestantes denunciaram a completa ausência do Estado, que nada faz diante do agravamento dos problemas. O Chile está em estado de emergência desde meados de março, com um toque de recolher obrigatório a partir das 22 horas, com escolas, universidades e fronteiras fechadas, assim como a maioria das empresas não essenciais.
Diante do agravamento da situação da saúde, sem garantir emprego, salário, pensão ou aposentadoria, Piñera havia proclamado na sexta-feira quarentena obrigatória para a grande maioria dos 18 milhões de chilenos. A quarentena total ou “lockdown” afeta cerca de 8 milhões de habitantes de Santiago, capital que concentra 80% dos mais de 46.000 casos de Covid-19, que já tirou a vida de 478 pessoas do país andino.
O desemprego e a penúria alimentar são rotina, alertaram as famílias, que não têm conseguido garantir sequer o mínimo necessário para a sobrevivência, o que torna-se ainda mais grave quando alguém adoece.
Conforme denunciam os moradores, e o demonstram as imagens, o que está ocorrendo em El Bosque é somente a ponta do imenso iceberg que afeta todo o Chile, que sofre com um isolamento restritivo, mas sem apoio oficial, em função da absurda desigualdade e de um governo que usa e abusa da repressão policial.