Fala no BBB sobre escravidão é repudiada por lideranças do PCdoB
A absurda declaração dada pela participante do Big Brother Brasil 22, Natália Deodato, sobre a escravidão no Brasil gerou uma onda de reações pelas redes sociais nesta terça-feira (18), inclusive de lideranças do PCdoB. Durante o programa, Natália, que é negra, disse que os negros foram escravizados por serem mais fortes e eficientes.
“Eu sou preta, realmente tem a história que a gente veio como escravo. Por que? Porque a gente era forte. Por que a gente veio como escravo? Porque a gente era bom no que a gente fazia. Se colocasse uma outra pessoa para fazer aquilo, não conseguiria”, disse Natália na madrugada desta terça-feira (18).
Para a deputada estadual do PCdoB da Bahia, Olívia Santana, “‘a arma mais poderosa na mão do opressor é a mente dos oprimidos’, já dizia Steve Biko. É realmente chocante ver, em rede nacional, uma mulher negra justificando a escravidão, atribuindo aos negros uma força e eficiência que, orgulhosamente, validaria a intervenção europeia na África, no maior empreendimento de pilhagem de seres humanos da história para fins de escravidão e desenvolvimento do capitalismo, que resultou no racismo estrutural nas Américas”.
A parlamentar declarou ainda que “a moça sem noção será julgada pela sua fala infame e trágica. Sua estrutura psicológica é plenamente explicável quando se lê o livro ‘Pele negra, máscaras brancas’, de Frantz Fanon. O cancelamento da sua voz reprodutora da ideologia da classe dominante racista será autorizado”.
Olívia também criticou a exploração de situações como esta para a obtenção de audiência. “Mas e a Globo, que monta a engrenagem de nós contra nós mesmos, como fica? Seguirá sendo a grande beneficiária dos milionários lucros que a treta fácil proporciona? Hora de refletir sobre a nossa validação deste reality show”.
A presidenta da União Brasileira dos e das Estudantes Secundaristas (Ubes) e integrante do Comitê Central do PCdoB, Rosana Barroso, chamou atenção para as defasagens na educação que acabam contribuindo para a reprodução desse tipo de discurso. “Como militante da educação, sei que a fala da Natália se repete em muitas salas de aula pelo Brasil. Escolas sucateadas que não aplicam o ensino da cultura afro-brasileira, que inclusive é lei. Esse é o fruto da falta de conhecimento da nossa história. Natália se desconhece”.
Rozana destacou que “pessoas foram escravizadas por serem vistas como inferiores e até mesmo sem humanidade. Nossos antepassados não foram escravizados porque eram bons em trabalho braçal. Ninguém é bom em ser explorado! Esse é mais um discurso que animaliza corpos negros e indígenas”.
Por Priscila Lobregatte