Exportação é recorde, mas US$ 46,2 bi ficam no exterior
As exportações brasileiras em dólares acumulados nos últimos doze meses até agosto totalizaram US$ 260,6 bilhões. Trata-se de um recorde, o maior desde a série histórica iniciada em 1995. O fluxo cambial – volume de divisas externas que entram ou saem do Brasil – em operações de exportação, no mesmo período, somou US$ 214,4 bilhões. É uma diferença de US$ 46,2 bilhões. É a maior também desde 1995.
O acompanhamento dessa diferença vem demonstrando valores crescentes e recordes desde abril, conforme uma compilação dos dados do Ministério da Economia e do Banco Central feita pelo pesquisador Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Os valores das exportações são registrados quando os produtos são embarcados para o exterior. As operações de câmbio convertendo os dólares das exportações em Reais pelo Banco Central tem registro quando o câmbio é realizado.
Esses 46,2 bilhões de dólares ficaram em bancos no exterior, nunca antes isso aconteceu nessa dimensão e tudo isso é suficiente para se questionar o que está acontecendo. Por que os donos desse dinheiro estão o mantendo lá fora?
Com a inflação elevando-se a 8,75% até dezembro, conforme projeções correntes no mercado financeiro, as respostas que Bolsonaro conseguiu dar ao país foram que de economia ele é um zero à esquerda, o que não o isenta em nada das suas responsabilidades, e que “nada está tão ruim que não possa piorar”.
E ele está certo, especialmente quanto às projeções do seu governo.
No caso dele manter-se na Presidência até o final do mandato, o que mais se pode esperar?
Depois de não conseguir seu intento de dar um golpe na democracia e instalar uma ditadura à lá Pinochet em 7 de setembro, saiu-se com o manifesto que Temer redigiu, sem deixar para os seus seguidores de raiz. ”Vamos dar um tempo”.
Não há economia que suporte um clima de tensão política como a que estamos vivendo, com a agravante de um alucinado como Guedes, cuja única política é transferir bilhões na pilhagem das privatizações, mantendo as taxas de investimento do país abaixo dos 15% do Produto Interno Bruto (PIB), incapazes de repor a amortização do estoque de investimentos.
Na avaliação do pesquisador do Ibre Armando Castelar, que identificou a defasagem dos 42,6 bilhões de dólares descansando no exterior, “desde que o Banco Central começou a subir a Selic (a taxa básica de juros, hoje em 6,25% ao ano), o câmbio deveria ter valorizado mais (ou seja, o dólar deveria ter caído).
Além do diferencial de juros, temos a perspectiva sobre até onde vai a taxa de câmbio. Se a perspectiva é que o câmbio vai andar mais ainda (ou seja, o dólar vai subir), é a crise política atrapalhando”.