Castello Branco, presidente da Petrobrás: "meu sonho é privatizar a Petrobrás".

Após privatizar a BR Distribuidora, uma das joias da coroa da Petrobrás, o governo e os atuais acionistas indicaram na quarta-feira (29) os novos nomes que irão compor o conselho de administração da empresa.
Castello Branco, atual presidente da Petrobrás, manteve seu amigo conselheiro Edy Kogut e indicou outros dois nomes: Alexandre Carneiro (ex-vice-presidente da Shell Brasil, entre diversos cargos que ocupou na multinacional de 1983 a 2006) e Maria Carolina Lacerda (ex- UBS, ex-diretora do Merrill Lynch e do Deutsche Bank e atual conselheira da Hypera Pharma).
Os outros seis membros foram indicados por acionistas que detém mais de 1% das ações. São ex-funcionários de bancos, empresas e monopólios estrangeiros.
Em junho, o governo Bolsonaro entregou de bandeja a empresa líder no mercado brasileiro de distribuição de combustíveis e lubrificantes, com mais de 7.700 postos de serviço espalhados por todo o país e com aproximadamente 14 mil grandes clientes em segmentos como aviação, asfaltos, transporte, produtos químicos e energia.
A ex-subsidiária da Petrobrás era 100% estatal até 2017. Com a venda de ações este ano, a participação da Petrobrás caiu de 71,25% para 37,5% e o controle passou para a iniciativa privada. Se depender de Castello Branco, o governo sairá totalmente do setor de distribuição, conforme declarou em entrevista após a privatização da BR.
A venda da BR Distribuidora se soma à entrega das refinarias e da Liquigás, outra subsidiária da Petrobrás que está prestes a ser privatizada, dentro do processo de desmonte da estatal que vem sendo promovido por Bolsonaro. Para isso, nada como colocar na presidência da Petrobrás Castello Branco que declarou que seu sonho é ver a Petrobrás privatizada.
No primeiro trimestre deste ano, a BR Distribuidora registrou um lucro líquido de R$ 477 milhões, uma alta de 93% sobre o mesmo período de 2018. A empresa foi privatizada por apenas R$ 9,6 bilhões.
Edy Luiz Kogut, o amigo de Castello Branco, tem uma larga folha de serviços prestados à multinacionais, como a Alcoa – empresa de alumínio dos Estados Unidos. É vice-presidente da Projeta Consultoria associada do banco Rothschild, responsável pelas privatizações da COPESUL, Light e Escelsa. E serviu ainda à Camargo Corrêa – aquela que integrou o “clube do bilhão” que lesou a Petrobrás em bilhões de reais.
Os outros seis indicados são: Carlos Augusto Piani (conselheiro da Equatorial Energia e diretor da Kraft Heinz no Canadá); Claudio Ely (ex-presidente da Raiadrogasil e da Drogasil e conselheiro da Dimed); Leonel Dias de Andrade Neto (ex-presidente da Smiles e ex-diretor da Losango Financeira e da Visa do Brasil); Mateus Affonso Bandeira (ex-presidente do Banrisul e ex-conselheiro da PDG); Pedro Ripper (conselheiro da Iguatemi Shopping Centers e da Positivo Tecnologia e ex-diretor da Cisco e Oi); e Ricardo Carvalho Maia (ex-diretor da Ipiranga).
A eleição para aprovação dos novos conselheiros está marcada para 18 de setembro.