Atual premiê, Fumio Kishida, disse que o crime é “um ato bárbaro e desprezível”, um ataque à democracia

O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, de 67 anos, morreu horas depois de ser baleado por um atirador nesta sexta-feira (8) em Nara, no oeste do Japão, onde fazia um discurso de campanha para a eleição da câmara alta do parlamento, que será realizada no domingo (10).

Abe, que estava em um evento organizado em apoio a um candidato do Partido Liberal Democrático, sucumbiu aos ferimentos após um agressor ter disparado contra ele duas vezes.

Informações apontam que o político estava consciente depois dos disparos, mas teria sofrido parada cardíaca.

O atacante, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, residente de Nara que na década de 2000 serviu nas Forças de Autodefesa Marítima do Japão por três anos, disparou contra Abe quando ele se encontrava a uma distância de dez metros e disse que queria matá-lo por estar “insatisfeito com o político”, mas as verdadeiras razões por trás do incidente permanecem pouco claras. A ocupação atual de Yamagami e seus reais motivos não foram divulgados à imprensa.

Abe atuou como primeiro-ministro japonês duas vezes, de 2006 a 2007 e do final de 2012 a 2020, tornando-o o primeiro-ministro mais antigo do atual sistema de gabinete do Japão. Ele continuou a desempenhar um papel importante na política japonesa como membro da Câmara dos Deputados desde que deixou o cargo de primeiro-ministro em setembro de 2020 devido a problemas de saúde.

O atual primeiro-ministro Fumio Kishida chamou o ataque de “um ato bárbaro desprezível que ocorreu durante uma eleição, que é a base da democracia” e sublinhou que “é totalmente inaceitável”.

O ataque causou uma onda de condenação por parte de governos de todo o mundo.

Antes de sua morte ser anunciada, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou que seu país está “chocado” com o ataque sofrido esta sexta-feira por Abe, e destacou em uma coletiva de imprensa na sexta-feira as suas contribuições para a melhoria e desenvolvimento das relações bilaterais.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, em carta enviada à família declarou: “Por favor aceitem minhas mais profundas condolências pela morte de seu filho e marido, Shinzo Abe, um homem excepcional”. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia, por sua vez, descreveu o ocorrido como “um ato de terrorismo” e também expressou suas condolências. “Estamos convencidos de que aqueles que planejaram e cometeram esse crime monstruoso terão a devida responsabilidade apurada”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, acrescentando que Abe foi “um político excepcional que fez uma contribuição inestimável para o desenvolvimento das relações russo-japonesas”.

A presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, classificou Shinzo Abe como “uma pessoa incrível, grande democrata e um campeão do mundo multilateral”. Ela enviou condolências à família e ao povo japonês.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse estar “chocado” com “o ataque covarde” ao ex-primeiro-ministro japonês. “Um verdadeiro amigo, feroz defensor da ordem multilateral e dos valores democráticos. A União Europeia está com o povo do Japão e Fumio Kishida nestes tempos difíceis”, disse ele.