Ex-mulher de Bolsonaro fez lavagem de dinheiro, revela ex-assessor
Um ex-funcionário da família Bolsonaro associou Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro e ex-chefe de gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, a um esquema de fraude envolvendo o seguro DPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres). O seguro é pago a vítimas de acidentes de trânsito.
Ana Cristina já é investigada pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) pela prática de rachadinha, quando atuava no gabinete do vereador na Câmara Municipal do Rio. O esquema ilegal é feito a partir da devolução de parte dos salários de funcionários do gabinete.
Agora, novos indícios apontam que teria participado de um esquema de fraudes do DPVAT, com o não pagamento dos valores para vítimas, operado pelo advogado Marcelo Morgado, que já foi alvo de investigação da Polícia Civil.
Segundo Marcelo Luis Nogueira dos Santos, que foi nomeado entre 2003 e 2007 no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro e trabalhava como funcionário doméstico de Ana Cristina, a ex-mulher de Bolsonaro teria no esquema “uma forma de lavagem de dinheiro” dos recursos obtidos via rachadinha colocada em prática no gabinete de Carlos Bolsonaro.
A revelação foi feita em reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo.
Ana Cristina foi a primeira chefe de gabinete de Carlos, em 2001, no primeiro mandato, onde ficou até abril de 2008. Os registros no Tribunal de Justiça do Rio mostram que, nos últimos três anos em que esteve no gabinete, ela também atuava como advogada.
Ela teve um escritório de advocacia e duas empresas de seguro. As empresas funcionavam em um prédio, no Centro do Rio, a poucos metros da Câmara de Vereadores. O Ministério Público do Rio de Janeiro acredita que a escolha do endereço tão próximo não foi uma coincidência.
O Ministério Público estadual suspeita que o negócio tem relação com a rachadinha que teria ocorrido no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro.
Entre 2007 e 2010, ela trabalhou em 56 casos que tratavam de indenizações por acidentes de trânsito, sendo 54 tinham como base o seguro DPVAT. Grande parte ocorreu no Rio Grande do Sul sendo que a sede do escritório dela de advocacia fica no Rio de Janeiro.
Os investigadores avaliam que a elevada movimentação de dinheiro vivo por Ana Cristina sugere que ela era a destinatária dos recursos públicos desembolsados em nome dos parentes. A suspeita é que esses funcionários continuaram a pagar a rachadinha mesmo depois que ela deixou o gabinete e passou a usar as próprias empresas para lavar o dinheiro.