Ex-chanceler de Bolsonaro atuou pelo contrato suspeito da Covaxin
Os documentos enviados até agora à CPI da Covid mostram que o ex-chanceler Ernesto Araújo, que era ministro das Relações Exteriores na época das negociações, também pode estar envolvido em irregularidades no processo de aquisição da vacina indiana Covaxin.
Segundo o jornal “Valor Econômico”, a Comissão Parlamentar de Inquérito apurou que um volume significativo de correspondências sobre o assunto, entre dezembro de 2020 e abril deste ano, apontam para uma atenção “fora do comum” do Itamaraty sobre o assunto.
A quantidade de mensagens, número que chega perto de 40 telegramas, revelam ainda a preocupação do Ministério das Relações Exteriores em acompanhar cada novidade nos contatos com autoridades indianas e representantes da Bharat Biotech, laboratório que produz o imunizante.
O conteúdo dos telegramas também relatam detalhes da participação da Precisa Medicamentos na intermediação das relações entre o governo brasileiro e a empresa indiana.
No dia 5 de março deste ano, o Itamaraty registra em uma das correspondências que Francisco Maximiano foi à Índia para negociar um aumento no número de doses da Covaxin a serem comercializadas com o Brasil.
“O presidente da Precisa Medicamentos comentou que, com a divulgação de dados de eficácia pela Bharat Biotech e a iminência da aprovação da autorização para uso emergencial sem restrições da vacina na Índia, autorização semelhante poderia ser obtida em breve no Brasil”, relatou o embaixador do Brasil em Nova Déli, André Aranha Corrêa do Lago.
Na mesma data, o executivo da Precisa também comunica à representação diplomática que o pagamento do governo será feito “diretamente à companhia indiana”.