Evo pede revisão das atas e diz “se houver erro, vamos ao 2º turno”
Escutamos as posições das chancelarias da Colômbia, Argentina, Brasil e Estados Unidos. Convido estes países e os demais da OEA (Organização dos Estados Americanos) a participarem da auditoria que nós propusemos. Que sejam revistas todas as atas. Se à conclusão do processo ficar comprovada fraude, vamos ao segundo turno”, afirmou o presidente boliviano reeleito, Evo Morales.
Pelas leis do país, a vitória no primeiro turno se dá quando o candidato mais votado obtém 10% ou mais votos que o segundo colocado e também ultrapassa os 40% dos votos. O cômputo geral divulgado pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) é de 47,07% para Evo, contra 36,52% para o segundo colocado, Carlos Mesa, uma diferença, portanto, de 10,54% que o reelege.
O vice-ministro do Comércio Exterior e Integração, Benjamín Blanco, disse, neste domingo, que “os países que estiveram presentes na reunião extraordinária do Conselho Permanente da OEA, realizada na quinta-feira em Washington, felicitaram a disposição do governo da Bolívia de realização da auditoria acerca das eleições gerais”.
Blanco salientou que o México e a Nicarágua felicitaram a Bolívia pelas eleições e reconheceram a lisura do pleito. Ele declarou que o ministro do Exterior, Diego Pary, junto com o ministro da Justiça, Héctor Arce, deram detalhados esclarecimentos aos membros da OEA acerca do processo eleitoral boliviano e ratificaram o compromisso da Bolívia com a Carta da OEA.
As autoridades bolivianas explicaram que as informações sobre o andamento da votação são divulgadas através do sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP). Um sistema não vinculante de informação preliminar. O informe definitivo do resultado é realizado pelo TSE. “Portanto, não é correto que os observadores da OEA tenham se baseado no TREP e seus dados preliminares, não oficiais, sugerindo um segundo turno”, esclareceu Blanco em coletiva.
Para ele, não é justo que a OEA apresente discordâncias quanto ao resultado final apresentado pelo TSE e não mostre nenhuma prova de fraude.
Evo denunciou, no sábado, que o candidato da chapa da Comunidade Cidadã (CC), Carlos Mesa, “alimenta o ódio contra os indígenas e os mais humildes, ao não admitir sua derrota nas eleições gerais de domingo passado, manda incendiar tribunais departamentais e tocar fogo em cédulas eleitorais”.
Evo lembrou que, em março de 2005, quando comandava o partido Movimento ao Socialismo (MAS) opositor a Mesa, então presidente, lhe pediu que aprovasse a Lei de Hidrocarbonetos (petróleo e derivados) elevando as taxas cobradas às petroleiras estrangeiras e recebeu um “Não”. “Mesa disse então que a lei era ‘inviável’ porque a proibiram o Banco Mundial e os Estados Unidos. Mesa ordenou, então, mobilizações de elementos de La Paz contra nós e, agora, alimenta ódio de parte dos jovens contra os indígenas e os mais humildes”.
Mesa procurou a imprensa no domingo, quando tinham sido computados 83% dos votos e apenas 17% dos votos das cidades menores, povoadas por camponeses, indígenas e mineiros, para dizer que o resultado apontava que haveria segundo turno com a disputa entre ele e Evo.
Quando as urnas com votações adversas a Mesa foram chegando, “este acionou marchas violentas em distintas regiões do país levando à queima de instituições públicas e entidades eleitorais”, acrescentou Evo.
“São os cidadãos que vão defender seu voto, são os cidadãos que vão defender a definição de seu futuro. São eles que têm de pronunciarem-se; são os que têm que desenvolver mecanismos institucionais democráticos para defender sua soberania cidadã que é o exercício do voto, o direito de eleger, de participar, de ser protagonista de um momento histórico”, afirmou o ministro da Presidência, Ramón Quintana.
Quintana esclareceu que negar o voto dos mais humildes mostra “um racismo monstruoso e um ódio de classe desatado por Mesa e seus apoiadores políticos e midiáticos”.
“Os bolivianos devem fazer frente a esta cultura da negação e menosprezo pelo outro”, acrescentou Quintana.
“Carlos Mesa se refugiou na estratégia da convulsão social com apoio nos setores mais antidemocráticos do país e está se lançando em uma aventura, em um projeto de desestabilização financiado por Washington e que vai se esboroar diante da resistência popular”, finalizou Quintana.