Durante este ano de 2019, pelo menos 909 migrantes morreram ou desapareceram na tentativa de chegar à Europa

Em uma evolução que só foi possível com a saída do ministro neofascista, Salvini, a Alemanha, França, Itália e Malta chegaram a um acordo em nível de ministros do Interior para estabelecer um sistema de emergência e resgate marítimo para administrar os fluxos migratórios do Mediterrâneo, que apresentarão a todos os países membros da União Europeia (UE) e será debatido em Luxemburgo no dia 8 de outubro.

O acordo foi confirmado nesta segunda-feira, 23, pelo ministro maltês, Micheal Farrugia, durante uma coletiva de imprensa conjunta no final da reunião mantida na cidade de La Valeta, sob a presidência finlandesa da UE e com a participação também do comissário europeu de Imigração, Dimitris Avramópulos.

O Comissário assinalou que a gestão da imigração para a Europa deve ser conjunta e por isso advogou que todos os países europeus “apliquem um mecanismo ‘solidário’, que reduza a pressão sobre os Estados membros que recebem imigrantes por distintas rotas do Mediterrâneo”. “É a única solução válida a médio prazo”, assinalou.

Pela Itália participou a nova ministra do Interior, Luciana Lamorgese, que substituiu o ultradireitista Matteo Salvini, e que afirmou que “os que chegam a Malta e Itália chegam à Europa e, portanto, todos os países europeus devem fazer-se cargo dos migrantes que chegam a suas costas”, e não só estes dois países.

Além disso, qualificou o encontro em La Valeta de “primeiro passo concreto para um verdadeiro enfoque europeu de ação conjunta”.

A Itália já tinha autorizado no domingo, 22, a abertura do porto de Messina, no noroeste da Sicília, para desembarcar os 182 migrantes que restavam a bordo do barco humanitário Ocean Viking, informou a organização não governamental SOS Méditerranée France.

Na sexta-feira, 20, o Ocean Viking tinha trasladado 35 migrantes, de um total de 217 resgatados perto de Malta, para um barco militar maltês.

Durante este ano de 2019, pelo menos 909 migrantes morreram ou desapareceram na tentativa de chegar à Europa através do Mediterrâneo, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Como disse o Papa Francisco, se o desenvolvimento não chegar às populações africanas, não haverá como parar esse êxodo dos países mais pobres do planeta até alguns dos mais ricos. A independência, advertiu, foi do subsolo para cima, do subsolo para baixo, no que se refere às riquezas, não.