O recente assassinato do general Qassem Suleimani, comandante militar do Irã, representou “claramente” uma violação da “lei nacional e internacional” pelos Estados Unidos, denunciou Benjamin Ferencz, único promotor vivo entre os que participaram dos julgamentos de nazistas por tribunais americanos em Nuremberg, na Alemanha.
Na sua avaliação, a ordem de Donald Trump para “eliminar” o comandante iraniano é a opção dos que “parecem preferir guerra à lei”, esparramando “perigo mortal” pelo planeta e indo na contramão da Carta das Nações Unidas, do Tribunal Penal Internacional (TPI) e da própria Corte Internacional de Justiça, principal órgão da ONU.
“Como advogado formado pela Faculdade de Direito da Universidade Harvard que escreveu extensivamente sobre o assunto, vejo tal ação imoral como uma clara violação do direito nacional e internacional”, escreveu Ferencz, em carta ao New York Times.
Atualmente com 99 anos, Ferencz foi o promotor-chefe de um dos 12 tribunais instalados entre 1946 e 1949 para julgar os crimes de guerra nazistas, responsável pelo processo contra os líderes dos esquadrões da morte da SS que operavam na linha de frente nazista no Leste Europeu. Todos os 22 homens acusados de crimes contra a Humanidade foram condenados, dos quais 13 à morte.
Nascido na Romênia, de onde imigrou para os EUA em 1921 fugindo da perseguição de judeus húngaros, serviu no Exército americano na Segunda Guerra e integrou a equipe responsável para recolher provas de crimes do regime de Hitler. Professor universitário, publicou diversos livros sobre direito internacional e crimes de guerra, tendo atuado nos anos 1990 para a criação do Tribunal Penal Internacional (TPI), que julga acusados de crimes de guerra e contra a humanidade. Foi um dos maiores críticos da não-ratificação do TPI pelo então presidente George W. Bush.