EUA tem recuperação lenta e com menos empregos para negros e latinos
À medida em que as vacinas da Covid-19 ajudam a conter contágios e mortes, parcela dos trabalhadores voltaram aos seus empregos nos Estados Unidos, mas a maior parte do bolo vai para os norte-americanos brancos. A fatia dos trabalhadores negros e hispânicos recontratados é bem menor, aprofundando desigualdades já existentes no país.
Segundo especialistas, as divisões são alimentadas por discriminações no emprego, vindas de longa data, nas agravadas por interrupções relacionadas à ação do vírus, que deixaram muitos candidatos ao emprego incapacitados.
A diretora de política de mercado de trabalho do Washington Center for Equitable Growth. Kate Bahn, admite serem “disparidades de poder” na economia que se refletem bastante claras e presentes, mas que simplesmente não vinham sendo tratadas e que agora batem como uma bigorna.
De acordo com o Departamento de Trabalho dos EUA, após disparar para 14,7% em abril do ano passado, quando as restrições para impedir a propagação do vírus estavam no seu pico, a taxa de desemprego caiu para 5,9% em junho. Mas os ganhos não foram compartilhados igualmente. Enquanto para os trabalhadores brancos o índice de desemprego foi reduzido para 5,2%, os hispânicos registraram 7,4% e os negros 9,2%. Números que traduzem o preconceito que atinge dezenas de milhões de famílias.
“Quando comecei a estudar economia em 1963, os ingressos da família negra média eram de cerca de 15% da família branca média. O que é surpreendente, no entanto, é que já se passaram quase seis décadas e os dados não mudaram. Ainda são 15%”, disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen, reconhecendo o abismo que continua separando o poder aquisitivo entre brancos e negros.
Embora exista a projeção de que a economia tenha ganho mais de um milhão de empregos em julho, reduzindo a taxa de desemprego para 5,6%, os dados de junho mostraram que o desemprego para as mulheres brancas era de 5%, enquanto a recontratação para negras e hispânicas segue em ritmos muito mais lento. Tanto que o índice de desemprego para estas é de 8,5%.