EUA sofre nova retração na produção industrial
Em novo sinal sobre o risco de recessão, a produção industrial dos EUA sofreu contração em agosto pela primeira vez em três anos, segundo os números do Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês), no quinto declínio mensal consecutivo do seu índice de atividade fabril.
O índice caiu para 49,1 no mês passado, em comparação com 51,2 em julho. Leituras abaixo de 50 indicam contração no setor manufatureiro, responsável por 12% da economia dos EUA.
O que foi acompanhado também por reduções nos novos pedidos e nas contratações, segundo a análise do ISM. O subíndice de novos pedidos encolheu para 47,2 no mês passado, ante 50,8 em julho. Trata-se do nível mais baixo desde junho de 2012.
O subíndice de emprego nas fábricas recuou para 47,4, leitura mais fraca desde março de 2016, ante 51,7 em julho.
De acordo com o ISM, “a questão comercial continua sendo [o fator] mais significativo” para esse resultado, o que é revelado pela “forte contração nas novas encomendas de exportação”.
Assim, a “notável queda na confiança empresarial” – mesmo que o ISM não coloque isso com todas as letras – é um efeito colateral da guerra comercial desencadeada pelo regime Trump.
A média do ISM nos últimos 12 meses é de 54,4, e a estimativa dos economistas consultados pela Reuters, para agosto, era de 51,0. Portanto, o resultado foi ainda pior do que o previsto.
Sete dos 18 setores industriais relataram contração econômica em agosto, incluindo produtos metálicos e equipamentos de transporte. Nove assinalaram crescimento, incluindo têxteis, máquinas e manufaturas diversas.
Outro indicador do setor fabril, o PMI (Índice de Gerente de Compras) da IHS Markit, após chegar a registrar em prévia 49,9 (contração) oscilou levemente para 50,3, o que não impediu o economista-chefe, Chris Williamson, de analisar que o número de agosto indica “que os fabricantes norte-americanos estão passando por um verão tórrido, com a principal pesquisa avaliada em seu nível mais baixo desde as profundezas da crise financeira em 2009”.
Ele acrescentou que os índices de produção e de encomendas estão “entre os mais baixos de uma década”, indicando que é provável que o setor manufatureiro tenha atuado novamente como “um empecilho significativo para a economia no terceiro trimestre, reduzindo o crescimento do PIB”.
Williamson asseverou que, nos níveis atuais, a pesquisa indica que a produção industrial “está caindo a uma taxa anualizada de aproximadamente 3%”.
“A deterioração das exportações é a chave para a desaceleração, com novos pedidos do mercado externo caindo o mais rapidamente desde 2009”, destacou o economista. Muitas empresas culpam o crescimento econômico global mais lento pelas encomendas enfraquecidas, mas também apontam o dedo para o aumento das tensões e tarifas da guerra comercial.
“As contratações pararam quando as empresas se preocupam com as perspectivas: o otimismo em relação ao ano seguinte é o mais baixo desde que dados comparáveis foram disponibilizados pela primeira vez em 2012″.
Por sua vez a Reuters assinalou que o investimento empresarial se contraiu no segundo trimestre, pela primeira vez em três anos. O que, juntamente com o aumento nos estoques, está minando a atividade manufatureira, com a produção em queda por dois trimestres consecutivos.
O que salvou em parte o segundo trimestre nos EUA foi o forte gasto dos consumidores, mas isso acaba anulado em parte pelo fraco investimento em manufatura e empresarial. Mas as tarifas extras sobre as importações da China, decretadas por Trump a partir de 1º de setembro e que serão reforçadas em 15 de dezembro, irão penalizar os consumidores.
A Reuters também registrou que, na comparação com mesmo mês há um ano, os gastos com construção nos EUA caíram 2,7% – embora em comparação com o mês anterior hajam subido pífios 0,1%. O investimento em obras públicas aumentou 0,4%, após cair 3,1% em junho. Os gastos com projetos de construção privados caíram 0,1% em julho, revertendo o ganho de 0,1% em junho. Até novembro de 2020, mês da eleição presidencial nos EUA, esses índices todos ainda vão causar muito alvoroço. Não foi Trump que disse que “guerras comerciais são fáceis de vencer?”
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