Voo com bombardeiro B-52 é provocação dos EUA antes da cúpula Biden-Putin, denuncia Zakharova

A embaixada de Moscou em Washington advertiu que a presença de bombardeiros estratégicos B-52 com capacidade nuclear nos exercícios da Otan em curso na Europa é uma escalada séria e impacta de forma negativa a próxima cúpula entre os presidentes Vladimir Putin e Joe Biden, marcada para Genebra.

A representação diplomática russa classificou como “uma provocação” as manobras com os bombardeiros B-52H Stratofortress, que sobrevoaram o Mar Báltico e, portanto, se aproximaram das fronteiras da Rússia várias vezes no início da semana (de 7 a 9).

O B-52, que no auge da Guerra Fria chegou a ser o principal esteio para um plano de ataque nuclear norte-americano à então União Soviética, tornou-se o símbolo da chamada ‘destruição [nuclear] mutuamente assegurada.

O filme de Stanley Kubrick de 1964, ‘Dr. Strangelove ou: Como eu aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba’, satiriza a insânia militarista e tem uma cena antológica, em um cowboy mergulha sentado sobre uma ogiva nuclear rumo à União Soviética.

Moscou já havia denunciado a revoada dos B-52 por 30 países europeus, inclusive cinco que fazem fronteira com a Rússia em 31 de maio.

Nos últimos meses, todos os três bombardeios estratégicos com capacidade nuclear dos EUA, o B-1, o B-2 e o B-52, têm sobrevoado a Europa em clara tentativa de intimidação.

No comunicado, os diplomatas russos condenaram tais manobras por alimentarem “as tensões na Europa”, e advertiram que esse comportamento “escurece a atmosfera em antecipação [às] reuniões de cúpula Rússia-EUA”.

A cúpula, proposta pela Casa Branca, foi apresentada como parte dos esforços para alcançar “uma relação estável e previsível com a Rússia, consistente com os interesses dos EUA”.

A embaixada instou Washington a “reconsiderar radicalmente sua abordagem para a segurança no continente e interromper as atividades perigosas nas proximidades das fronteiras da Rússia”.

O general Jeff Harrigian, do Comando Aéreo Aliado da Otan e da Força Aérea dos Estados Unidos, defendeu a revoada, dizendo que “a segurança de nossos aliados bálticos e nórdicos é uma prioridade duradoura”. O programa de exercícios, disse ele, “é fundamental para garantir que sempre possamos viver de acordo com o mais alto padrão de suporte”.

Interceptação

Essas provocações não têm se limitado ao teatro europeu. Na quinta-feira (10) um caça russo Su-35 detectou e escoltou uma aeronave de reconhecimento estratégico RC-135 norte-americana sobre o oceano Pacífico, comunicou o Distrito Militar Oriental da Rússia nesta quinta-feira (10).

Depois que o avião militar estrangeiro se afastou da fronteira da Rússia, “o caça russo voltou com segurança para sua base”, acrescenta o comunicado. No Mar Báltico e no Mar Negro, isso tem acontecido ainda com maior frequência.