Desde que Trump apelidou coronavírus de 'vírus chinês', começaram ataques contra americanos de ascendência asiática.

Entidades de direitos civis e representantes da comunidade asiático-americana disseram-se chocados com os tiroteios de terça-feira (16) em Atlanta, no Estado da Geórgia, em que foram mortas seis mulheres de origem asiática em três ataques a casas de massagem.

Desde que o então presidente Trump chamou o coronavírus que causa a Covid-19 de “vírus chinês”, as agressões a asiáticos têm se multiplicado nos EUA. Nos ataques na Geórgia, foram mortos também uma mulher e um homem brancos, e há um ferido.

“Temos visto um aumento dos crimes de ódio contra os norte-americanos de origem asiática desde o início da pandemia” de Covid-19, afirmou hoje a congressista que representa a Geórgia no Câmara dos Deputados, a asiática Bee Nguyen. “É difícil pensar que [estes crimes] não têm como alvo específico a nossa comunidade”, acrescentou.

Em comunicado, o ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul assinalou que os seus diplomatas em Atlanta confirmaram à polícia que quatro das vítimas mortas eram mulheres de ascendência coreana.

Os ataques começaram na tarde de terça-feira, quando cinco pessoas foram baleadas num salão de massagens perto de Woodstock, a cerca de 50 quilômetros de Atlanta, disse o porta-voz do xerife, Jay Baker. Duas pessoas morreram no local e três foram levadas para um hospital onde duas morreram, disse Baker.

Cerca de uma hora depois, a polícia respondeu a nova chamada sobre um ataque armado a outro salão de massagens, na área de Buckhead, em Atlanta. Encontrou três mulheres mortas a bala. Num salão do outro lado da rua, os policiais depararam com outra mulher assassinada a tiro.

A polícia de Atlanta lamentou os homicídios, afirmando que vai aumentar o patrulhamento nas comunidades asiático-americanas.

Segundo a associação Stop Hate, entre março e dezembro do ano passado foram denunciados ‘online’ mais de 2.800 atos racistas e discriminatórios contra a comunidade asiática nos Estados Unidos.

“A violência em Atlanta foi um ato de ódio”, disse o presidente da câmara de Seattle. Também a filha do reverendo Martin Luther King, Bernice, se mostrou “profundamente triste” com esse quadro em que o país “e o mundo estão cheios de ódio e violência”.

“#StopAsianHate” [#PareÓdioaAsiáticos], postou no Twitter a polícia de São Francisco. A polícia de Nova Iorque garantiu estar alerta para ataques semelhantes na cidade.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que o presidente Joe Biden foi informado sobre os “horríveis tiroteios” de imediato e que o FBI está investigando o caso.

O suspeito do crime foi identificado como Robert Aaron Long e, de acordo com a polícia local, teria “assumido a responsabilidade” pelos três ataques armados que mataram oito pessoas.

Ele foi detido na noite passada a 250 quilômetros ao sul de Atlanta, quando se dirigia para a vizinha Flórida. Long, de 21 anos, está preso no Centro de Detenção do Condado de Crisp pelas autoridades do Condado de Cherokee.

De acordo com o xerife, o suspeito teria como alvo a “indústria pornográfica” e poderia estar se dirigindo para a Flórida para cometer outros assassinatos. Já se sabe que Long é natural de Woodstock, também na Georgia. Em 2017, formou-se na Sequoyah High Schoolk, em Hickory Flat.

Segundo relato de um ex-colega de escola, Long aparentava ser “uma pessoa muito inocente, nem praguejava”. “Era meio nerd e não parecia violento, do que me lembro. Era caçador e o pai era pastor da igreja. Era muito religioso”, explicou o antigo colega sob condição de anonimato.

Como enfatizou a entidade Stop Hate, “o número de incidentes de ódio relatados ao nosso centro representa apenas uma fração do número de incidentes de ódio que realmente ocorrem, mas mostra o quão vulneráveis os americanos asiáticos estão à discriminação e aos tipos de discriminação que enfrentam”.