Vice-ministro Peñalver discursa quando Cuba assume a presidência da Conferência de Desarmamento da ONU

“O empenho dos Estados Unidos em continuar a expansão progressiva da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para as fronteiras da Rússia levou a um cenário com implicações de alcance imprevisível, que poderia ter sido evitado se as bem fundamentadas reivindicações russas por garantias de segurança tivessem sido abordadas com seriedade”, denunciou o vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba, Gerardo Peñalver.

O pronunciamento de Peñalver ocorreu quando Cuba assumiu nesta terça-feira (22) em Genebra, Suíça, a presidência da Conferência .

O diplomata cubano afirmou que seu país defende “uma solução diplomática séria, construtiva e realista, por meios pacíficos, que garanta a segurança e soberania de todos, bem como a paz, estabilidade e segurança regional e internacional”, ao discursar perante o fórum que é formado por 65 países.

Peñalver prosseguiu defendendo “a busca de um mundo de justiça, dignidade e paz, possível se a injusta e antidemocrática ordem global imperante for modificada e prevalecer a cooperação internacional”.

O vice-ministro de Cuba convocou a todos a se manterem no “estrito respeito aos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional”.

“Na nossa qualidade de pequeno país em desenvolvimento, insular, que tem resistido a todo tipo de cercos, ameaças, incluindo a agressão militar, guerra não convencional e a um brutal bloqueio econômico, comercial e financeiro por mais de seis décadas, subscrevemos e apoiamos vigorosamente os princípios e normas do Direito Internacional e defendemos a paz em todas as circunstâncias”, destacou.

O representante cubano salientou ainda que “a erradicação das armas de destruição em massa é e deve continuar a ser a prioridade máxima no âmbito do desarmamento e da Conferência”.

Ele advertiu que “a humanidade vive uma situação desafiadora e complexa, marcada pelo impacto devastador da pandemia de Covid-19, que aprofundou as desigualdades estruturais e catalisou uma crise global multidimensional”.

Através de sua participação, Cuba advertiu em Genebra que “as ameaças à paz e segurança internacionais estão crescendo, os conflitos estão aumentando e sanções injustas e ilegais e medidas coercitivas unilaterais estão sendo impostas contra os países em desenvolvimento”.

Da mesma forma, denunciou que a sobrevivência da espécie humana está comprometida com padrões irracionais de produção e consumo, e que uma corrida armamentista está aumentando exponencialmente no momento em que recursos que deveriam ser alocados para o desenvolvimento sustentável e para alcançar a desejada imunização global contra a Covid-19 estão sendo desperdiçados.

“O multilateralismo enfrenta enormes desafios. Nesse contexto, o papel das Nações Unidas, a cooperação internacional e a solução pacífica de controvérsias são cada vez mais relevantes”, concluiu Peñalver.

A Conferência foi fundada em 1979 como resultado da primeira Sessão Especial sobre Desarmamento da Assembleia Geral das Nações Unidas que ocorreu em 1978. Começou como Comitê de Desarmamento, mas foi renomeada em 1982.