“EUA não tem como silenciar a nossa voz”, afirma o presidente cubano
“Os tempos mudaram e nossa América não aceita a imposição dos interesses do imperialismo. Os Estados Unidos têm a capacidade de impedir a presença de Cuba em Los Angeles, mas não têm o poder de silenciar nossa voz, nem de silenciar a verdade”, manifestou o Primeiro Secretário do Partido Comunista de Cuba e Presidente da República, Miguel Díaz-Canel, sobre a exclusão do país da IX Cúpula das Américas, que está sendo realizada em Los Angeles até o próximo dia 10 de junho.
Díaz-Canel lembrou que é conhecido o “repúdio” que surgiu na maioria dos governos da América Latina e do Caribe pela “seletividade oportunista” de Washington. Também afirmou que seu país se sente honrado pela “solidariedade altiva” expressa por seus pares do México, Bolívia e Honduras, além de outros líderes “que rejeitaram enfaticamente as exclusões”.
“Não podemos deixar de denunciar a farsa de mais uma vez convocar os países da região para um espetáculo de matiz neocolonial”, afirmou.
O presidente também questionou a “autoridade moral” dos EUA ao se referir aos “padrões de democracia e direitos humanos” como critério para apoiar a inclusão e exclusão de países na reunião. “O pretexto constitui um insulto à inteligência e ao bom senso dos outros”, frisou.
“A promoção da democracia e dos direitos humanos são apenas quimeras em um sistema político em que os interesses dos produtores e comerciantes de armas de guerra têm prioridade sobre a vida das crianças, o direito à saúde e à educação”, constatou.
As exclusões foram dirigidas contra a América Latina que chama as coisas pelo seu nome e não pede permissão para exercer seus direitos soberanos, assinalou Díaz-Canel, e declarou o orgulho da ilha em encabeçar essa lista junto com os líderes da Venezuela e da Nicarágua.
Acrescentou que a agenda da IX Cúpula mostra a incompreensão das realidades de uma região com identidade própria, cujos povos anseiam por justiça, sofrem com o subdesenvolvimento e a desigualdade, não suportam o roubo de suas riquezas naturais e a exploração de seus trabalhadores.
No caso de Cuba, destacou que o governo dos Estados Unidos incentiva a emigração irregular e mantém uma política de guerra econômica que visa deprimir o padrão de vida da população, sobre a qual não se espera uma discussão aprofundada ou um resultado efetivo.
Acrescentou ainda que nessa reunião não está previsto um debate produtivo sobre a transferência de tecnologia, tão necessária para o desenvolvimento da área.
As mudanças climáticas progressivas e os desastres naturais também ficarão sem medidas efetivas, assim como o problema do terrorismo e sua manipulação para fins políticos, o direito da Argentina às Ilhas Malvinas e a independência de Porto Rico, assegurou.
Conclamou à imprescindível comunicação e interação interamericana, por meio de espaços de diálogo e cooperação entre os que vivem ao sul do Rio Bravo e as nações do norte, e reafirmou o apego à defesa da soberania, independência e autodeterminação.
O presidente cubano salientou que até o dia 10 também está ocorrendo uma Cúpula dos Povos em Los Angeles, um cenário de debate e confronto de ideias, com uma agenda ampla e ligada às preocupações mais urgentes da região, e com a participação de organizações sociais, sindicatos, grupos juvenis, associações comunitárias e pessoas com profunda consciência social.