Já hospitalizada, Weldon negava ter contraído a doença e dizia em redes sociais ter uma pneumonia

A influencer antivacina Cirsten Weldon, que nas redes sociais reiterava que “só idiotas se vacinam”, morreu na quinta-feira (6) por complicações causadas por covid-19. Ela estava internada em Camarillo, na Califórnia, desde 31 de dezembro de 2021.

“Vacinas matam. Não tomem. Esses idiotas são tão ingênuos. Eles estão todos se vacinando”, disse Weldon em um de seus vídeos, gritando com pessoas que estavam na fila para se imunizarem contra o coronavírus.

Apoiadora de Donald Trump, ela também era adepta do movimento QAnom – aquele que assevera que há um complô entre reptilianos pedófilos e democratas para destruir os Estados Unidos, e que o salvador será o agora ex-presidente bilionário.

Weldon era tão extremista e delirante que chegou a declarar que Anthony Fauci, o epidemiologista-chefe dos EUA, deveria ser assassinado. E que o atual presidente, Joe Biden, tinha sido comprado pela China para “testar armas climáticas no Texas”.

Em um derradeiro esforço para espalhar mentiras, nas últimas postagens nas redes sociais, já hospitalizada, ela omitia estar com Covid alegando ser um quadro de pneumonia.

Três dias antes, outro negacionista norte-americano atuante nas redes de desinformação, o podcaster antivacina Doug Kuzman, também morreu de Covid, após passar 10 dias internado. Ele se contaminou em uma conferência de negacionistas a que compareceu.

No fim de semana de 11 de dezembro, Kuzman participou do evento chamado de ReAwaken America (ReAcordando a América). Nas redes sociais, ele publicou imagens da conferência, com grandes aglomerações.

Dias depois, ele registrou que se sentia mal, dizendo se tratar de bronquite crônica. No dia 15 de dezembro, Kuzman teve febre e chegou a chamar um médico.

Mas, acreditando piamente nas sandices que propagava, se recusou a ir a um hospital, tentou se virar com ivermectina, um antivermífugo muito apreciado nas rodas trumpistas mas ineficaz, e acabou sendo achado inconsciente em sua casa na véspera de Natal.

Foi então levado a um hospital e intubado. O uso de ivermectina ficou registrado na última publicação de Kuzman. Além das postagens antivacina, em seu podcast Kuzman também exaltava o movimento QAnon e a tese de Trump de que Biden roubou as eleições de 2020.

O negacionismo também está matando do outro lado do Atlântico. O lutador belga Frédéric Sinistra, tricampeão mundial de kickboxing e exacerbado ativista antivacinação, faleceu no dia 15 de dezembro, em Nîmes, na França, depois de internado com Covid no dia 26 de dezembro e com sérios problemas no pulmão.

Exasperado pelo cancelamento de uma luta marcada para o dia 4 de dezembro em razão de sua doença, Sinistra exigiu sua alta hospitalar para “se recuperar em casa do ‘pequeno vírus’”.

Às redes sociais, do leito da UTI ele asseverou que “um guerreiro nunca abdica. Voltarei ainda mais forte” – acompanhado de foto -, e assinou o termo de responsabilidade para voltar para casa. Menos de uma semana depois, faleceu.

Segundo a esposa dele, também negacionista convicta, não foi a Covid que matou Sinistra, mas um “ataque cardíaco”.