“EUA espiona cidadãos por aplicativos”, revela Wall Street Journal
Reportagem do Wall Street Journal revelou que, enquanto acusa a China de espionar usuários de redes sociais e persegue aplicativos chineses que caíram no gosto da garotada, é o próprio governo Trump que rastreia informações dos celulares de seus cidadãos por meio de um código inserido em pelo menos 500 aplicativos, sem consentimento ou conhecimento das pessoas.
Conforme o WSJ – um dos três principais jornais dos EUA, ao lado do New York Times e do Washington Post -, a empresa Anomaly Six, fundada por “dois ex-militares ligados à inteligência” e com sede na Virgínia – aquele Estado famoso por abrigar a sede da CIA – incorporou seu software em centenas de aplicativos, permitindo que ele “rastreie os movimentos de centenas de milhões de telefones celulares em todo o mundo”.
Isso é feito pagando a desenvolvedores de aplicativos para inserirem um código de rastreio, que possibilita essa coleta de informações anônimas dos celulares à Anomaly e seu repasse ao governo.
De acordo com a denúncia, “a Anomaly Six LLC disse em material de marketing que é capaz de extrair dados de localização de mais de 500 aplicativos móveis, em parte através de seu próprio kit de desenvolvimento de software, ou SDK, que está incorporado diretamente em alguns dos aplicativos”.
Como aponta o jornal, “um SDK permite que a empresa obtenha a localização do telefone se os consumidores permitirem que o aplicativo que contém o software acesse as coordenadas GPS do telefone.”
Pelo contrato da Anomaly Six (literalmente Anomalia Seis, um nome muito sugestivo), está isenta de divulgar quais aplicativos são seus ‘parceiros comerciais’, enquanto os desenvolvedores não têm que informar que inseriram o código maligno na programação.
Como assinalou um blogueiro digital, “já que Anomaly Six não divulga seu software de rastreamento a serviço do governo, não há como optar por sair. Resumindo: você está sendo rastreado e seus hábitos de smartphone estão sendo vendidos para o governo e não há nada que você possa fazer sobre isso”.
Dito cruamente, é disso que se trata. Matéria da Canaltech sobre o caso aponta que “uma vez que provavelmente não há muita distinção entre os apps distribuídos na Play Store ou na App Store dos EUA e do restante do mundo, não seria loucura imaginar que nossos dados aqui no Brasil também são coletados pela Anomaly Six”.
A reportagem do WSJ deixa claro que “os dados, coletados por meio de um código alfanumérico existente para cada unidade de celular fabricado no mundo, são anônimos”.
Assim, as informações pessoais não estão contidas diretamente nesse código, mas um simples cruzamento de dados possibilita chegar a elas e torna espionar pessoas selecionadas uma tarefa relativamente simples.
E, de acordo com o jornal, o rastreio seria “legal” perante a legislação dos EUA, por não ser “tecnicamente” usado para fins comerciais.
A Anomaly Six assevera que seus negócios são confidenciais e que só poderia vir a revelar qualquer informação com autorização de seus ‘parceiros comerciais’ (aos quais paga para instalar seu cavalo de tróia). E que não tem qualquer obrigação de fazê-lo.
Quanto ao governo Trump, o que o faria estar xeretando nesse nível a seus cidadãos? Em busca dos ‘antifas’? Da tendência de voto? Ou do próximo ‘terrorista de almanaque’, que frequenta as cenas de Homeland?
Que os EUA são, há muito, o maior centro de grampeamento e bisbilhotagem do planeta, que não poupa de chefes de Estado a simples cidadãos, na sua insana busca de controlar tudo e monopolizar tudo, é amplamente sabido desde que o ex-agente Edward Snowden expôs a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) e toda a sua parafernália.
Mas parece que o grampeamento é sempre insuficiente, e não param de buscar mais e mais – agora com os aplicativos. E o mais cínico é projetarem sobre os chineses o que são eles que fazem. E, na verdade, com os avanços tecnológicos chineses eles andam apavorados de que sejam impedidos de espionar como fazem agora. Daí toda a investida contra a Huawei e agora, até Tik Tok e WeChat.