Teste de míssil intercontinental: o START III é o único que resta da arquitetura global contra a guerra nuclear

A prorrogação do tratado de redução do arsenal nuclear Start III com os Estados Unidos entrou em vigor nesta quarta-feira (3), anunciou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, elogiando o acordo como um passo “na direção certa para a estabilidade internacional”.

A prorrogação era prevista pelo próprio tratado, assinado em 2010 pelos então presidentes Vladimir Medvedev e Barack Obama, mas havia sido recusada pelo governo Trump.

O tratado foi salvo quase no último minuto, após telefonema do novo presidente Joe Biden ao líder russo Vladimir Putin na semana passada.

O presidente Putin empenhara-se na renovação do tratado, inclusive admitindo a prorrogação por um prazo menor, desde que sem pré-condições.

A diplomacia russa saudou a preservação do tratado como a “pedra angular da segurança internacional” e expressou esperança de que isso “deixaria para trás a tendência de desmantelamento dos mecanismos de controle de armas e não proliferação”, que se tornaram predominantes durante anos de políticas “destrutivas” dos EUA.

Como assinalou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, o tratado foi formalmente assinado sem quaisquer emendas ou acréscimos, na prática preservando o acordo de controle de armas como existe até 5 de fevereiro de 2026.

Na semana passada, após aprovação pelo parlamento russo, a prorrogação foi assinada por Putin. As pré-condições exigidas por Trump haviam sido repelidas, como “inaceitáveis”, por Moscou.

O Start limita a 1.550 ogivas nucleares e 700 lançadores (entre mísseis intercontinentais e bombardeiros estratégicos) para cada parte, com mecanismos de inspeção. É o único acordo de controle de armas remanescente entre as duas potências nucleares, depois da retirada dos EUA do Tratado ABM (Antimíssil) no governo de W. Bush e do Tratado INF de proibição de armas nucleares intermediárias no teatro europeu, por Trump.

Na semana passada, o Boletim dos Cientistas Atômicos, que há 70 anos monitora o risco de uma hecatombe nuclear com seu ‘Relógio do Juízo Final’, havia alterado de dois minutos para “100 segundos” – o mais curto intervalo da história – o tempo que separa o planeta da destruição da humanidade.

Havia sido de Biden a iniciativa de telefonar para resolver o imbróglio. O secretário de Estado Antony Blinken, disse que a prorrogação torna os EUA, seus aliados e o mundo todo “mais seguros”, acrescentando que a “competição nuclear irrestrita” poria em perigo pessoas de todas as nações.

A volta de alguma normalidade à Casa Branca levou o ministro russo das Relações Exteriores, Seguei Lavrov, a assinalar que passou a haver uma possibilidade de restauração do Tratado dos Céus Abertos, pelos quais os países integrantes fazem voos mútuos de monitoramento, e do qual Trump retirara os EUA, forçando Moscou a dar passos para fazer o mesmo.