A substancial deterioração das relações entre os Estados Unidos e a Rússia nos últimos meses atingiu níveis perigosos para a paz e a segurança internacionais, apontam especialistas no assunto.

Por Roberto García Hernández*

Especialistas citados pelo jornal The Washington Post disseram que as autoridades norte-americanas agora estão se perguntando se sua decisão de rejeitar as principais demandas de Moscou por segurança precederá o que poderia ser “a maior guerra terrestre na Europa em décadas”.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) confirmou que colocou grande parte de suas forças em alerta e enviou navios de guerra e aviões de guerra adicionais para a Europa Oriental.

No entanto, de acordo com o The New York Times, oficiais de inteligência dos EUA não acreditam que o presidente Vladimir Putin tenha tomado a decisão de invadir a Ucrânia, e diplomatas russos reiteraram que não há planos para isso.

O secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby, anunciou na tarde desta segunda-feira (24) que mais de 8.500 militares dos EUA foram colocados “em estado de alerta máximo” devido ao aumento das tensões com a Rússia sobre a Ucrânia, embora ainda não tenha sido confirmada a decisão final de enviar essas tropas para a Europa.

Estaremos prontos para ajudar nossos aliados a proteger o flanco leste da Otan, acrescentou Kirby.

Sobre este problema, vários meios de comunicação dos EUA informaram neste fim de semana que o presidente Joe Biden está considerando o envio de milhares de militares daquele país para a Europa Oriental e os países bálticos, embora por enquanto exclua uma presença militar em território ucraniano.

Entre os grupos estariam a 173ª Brigada Aerotransportada sediada em Vicenza, na Itália, e o 2º Regimento de Cavalaria para a Polônia a partir de sua sede em Vilseck, informa, na Alemanha, o jornal Stars and Stripes, especializado em questões militares.

Por outro lado, os Estados Unidos aumentaram suas atividades de inteligência contra a Rússia nas últimas semanas, que incluem o uso de aviões E-8 JSTARS e RC-135 Rivet Joint para monitorar unidades terrestres russas.

Como parte dessas atividades, ocorre o exercício OTAN Allied Spirit 22, que começou em 21 de janeiro e tem como principal posto de comando Hohenfels, na Alemanha.

Cerca de 5.200 soldados de 15 países, incluindo Alemanha, Hungria, Itália, Kosovo, Letônia, Lituânia, Holanda, Moldávia, Polônia, Portugal, Eslovênia, Espanha, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos participam desses exercícios de larga escala que terminarão em 5 de fevereiro.

De acordo com o site do Comando Europa e África do Pentágono, o Allied Spirit 22 é um cenário ideal para preparar grandes unidades mecanizadas e blindadas.

Os especialistas concordam que tais grupos são elementos cruciais no lançamento de operações terrestres ofensivas ou na realização de contra-ataques destinados a repelir uma suposta operação russa para o oeste.

Enquanto isso, o Exército ucraniano realizou recentemente um exercício na província de Kherson, perto da fronteira com a região da Crimeia (Rússia), informaram as Forças de Defesa da Ucrânia em 21 de janeiro, segundo relatórios da agência russa Sputnik.

Por outro lado, os serviços de inteligência dos EUA dizem que a Rússia mobilizou cerca de 100.000 militares, bem como veículos blindados e artilharia pesada ao longo da área de fronteira com a Ucrânia.

No entanto, Moscou defende a legitimidade desta operação porque é realizada em seu próprio território, dada a recusa do Ocidente em levar em conta as exigências de segurança das autoridades russas, que incluem garantias de que a Ucrânia e a Geórgia não se tornarão membros da OTAN.

A Rússia, em uma reivindicação legítima de defender seus interesses geoestratégicos e até mesmo a sua sobrevivência como nação, rejeita repetidas tentativas do Ocidente de expandir a adesão à OTAN para o leste, planos que o Kremlin descreve como uma ameaça direta provocativa à nação eslava.

*Editor no Portal Prensa Latina

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Fonte: i21