Na Argentina, onde esse tipo de pressão não teve vez, a Sputnik chegou na véspera do Natal passado

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos norte-americano, (HHS, na sigla em inglês), confirmou que o governo Trump pressionou o Brasil a não comprar a vacina russa contra a Covid-19, a Sputnik V, para “deter o aumento da influência maligna” da Rússia na América Latina e no Caribe.

O Brasil é o segundo lugar no mundo em total de mortos e de contágios do coronavírus, só superado pelos próprios EUA, e durante meses o governo Bolsonaro fez de tudo para evitar que a Sputnik V russa fosse integrada ao plano nacional de imunização, apesar do empenho dos governadores e da empresa nacional União Química.

O HHS – que é o ministério da Saúde dos EUA – fez a admissão, escondida na página 48 do relatório anual de atividades de 2020. De acordo com o relatório, a vacinação contra a Covid-19 com o imunizante russo russa seria “em detrimento da segurança nacional dos EUA”. O documento atesta que essas pressões se estenderam a Cuba e até mesmo à Venezuela e que o órgão usado nessa sabotagem foi o Escritório de Adidos de Saúde, (OGA, na sigla em inglês).

Além do Brasil, atualmente os EUA mantêm tais ‘adidos’, tidos pelo HHS como o “principal ponto de contato com a diplomacia global”, na Índia, no México, na África do Sul, na China e na missão do país na ONU, em Genebra.

O Fundo Soberano russo, que financia a Sputnik V, condenou essa atuação nefasta dos EUA, apontando que tais esforços “para minar as vacinas são antiéticos e custam vidas”. O fundo conclamou os países a “trabalhem juntos para salvar vidas”.

No documento do HHS não há detalhes quanto a essa “persuasão” sobre o governo Bolsonaro contra a Sputnik V.

Com 91,6% de eficácia, a vacina russa se tornou a primeira a ser autorizada para uso emergencial no mundo, em agosto do ano passado, e teve seus testes clínicos de fase 3 respaldados pela conceituada revista médica britânica The Lancet. Em todo o mundo, ao menos 50 países já autorizaram o uso da vacina, a segunda mais aprovada por agências de Saúde no mundo inteiro.

Apenas na semana passada o governo brasileiro anunciou a inclusão da Sputnik V no plano nacional de vacinação e a compra de 10 milhões de doses, fechadas com a União Química e o fundo russo. O que ocorreu após o consórcio de governadores do Nordeste negociar outras 37 milhões de doses da vacina russa. Até o momento, o Brasil só aplicou doses de duas vacinas, a CoronaVac, parceria do Instituto Butantan com a chinesa Sinovac, e a Covishield, parceria da Fiocruz com a AstraZeneca/Oxford.