Powell na ONU ao exibir um tubinho com sabão em pó, que dizia ser ‘antraz’ supostamente do Iraque

Faleceu na segunda-feira (18) aos 84 anos, de Covid-19, Colin Powell, peça-chave da campanha de mentiras desencadeada pelo governo de W. Bush para dar pretexto à invasão e ocupação do Iraque, que causou 1 milhão de mortos e mais de quatro milhões de deslocados e refugiados, cujo saldo tenebroso até hoje assombra a nação árabe.

Passou para a história: Powell, em fevereiro de 2003 diante da ONU, exibindo um tubinho com sabão em pó, que dizia ser ‘antraz’, então secretário de Estado, depois de ter sido o primeiro negro chefe do Estado Maior do Pentágono, se prestando a servir de pôster-boy para o roubo do petróleo e transformação do Iraque num reduto de miséria e terrorismo.

Além da violação da Carta das Nações Unidas e do direito internacional pela ‘coalizão dos dispostos’. Mais tarde, Powell admitiria que seu endosso à guerra do Iraque era uma “mancha” no currículo.

Talvez não a única. Há quem diga que seu relatório sobre o massacre de Mi Lai, na época da Guerra do Vietnã, “parecia descartar qualquer acusação de delito”.

Ao entrevistador Larry King, em 2004, ele recordara que chegara “depois do que ocorrera”, acrescentando que “na guerra coisa horríveis desse tipo ocorrem vez ou outra, mas continuam sendo deploráveis”.

Certamente, ele deve ter achado, também, “deplorável” o escândalo de Abu Graib, depois que ficou impossível ocultá-lo.

Sobre ter passado à história como o falsário na ONU, Powell disse em entrevista à ABC News que “foi doído, ainda dói agora”.

Em julho de 2020, em entrevista ao jornal New York Times, seguia se justificando. “Eu sabia que não tinha nenhuma opção. Que opção eu tinha? Ele [Bush] era o presidente”.

Ao aceitar o convite de W. Bush para se tornar secretário de Estado, Powell dissera esperar “servir de inspiração para os jovens afro-americanos”. “Não há limitações para vocês”, asseverou, dirigindo-se aos jovens negros do país.

À frente do Estado Maior, tornou-se conhecido por sua “Doutrina Powell”, supostamente voltada a evitar a repetição do trauma do Vietnã. Resumidamente, só pegar os fracos, de preferência com uma patota a seu lado, e desproporcionalmente armado.

Nascido no Harlem, Powell se tornou símbolo dos afro-americanos que ascenderam dando o seu melhor por Wall Street, Big Oil e a indústria bélica. Inclusive se tornou republicano; aliás, era a prova do “caráter inclusivo” do partido. Chegou ao generalato.