EUA: “Cloroquina não traz qualquer benefício”, diz chefe de testagem
O almirante norte-americano, Brett Giroir, secretário assistente do Ministério da Saúde dos EUA e responsável por coordenar a aplicação de testes de Covid-19 no país, disse no domingo (2) que a hidroxicloroquina não tem nenhuma evidência de eficácia no tratamento do coronavírus, numa clara rejeição à propaganda que Trump insiste em fazer do produto, que além da ineficácia provoca graves efeitos colaterais, incluindo paradas cardíacas.
De acordo com o militar, a grande maioria dos médicos em todo o mundo atua com base em evidências e estudos científicos e que independentemente de quantas propagandas sejam feitas, os bons médicos não se deixam influenciar por postagens no twitter ou em qualquer outra rede social.
Brett Giroir assinalou que neste momento de pandemia mundial os estudos mostram que a cloroquina não é eficiente no tratamento contra o novo vírus. “Nós temos que seguir em frente e falar daquilo que é efetivo”, sustentou. “Até agora já fizeram cinco estudos controlados que não mostraram qualquer benefício da hidroxicloroquina no tratamento de Covid-19. Portanto, atualmente, nós não a recomendamos como tratamento”, afirmou, sem mencionar o nome de Trump.
Durante entrevista concedida ao programa “Meet The Press”, da rede de TV NBC, o almirante indicou as medidas de higiene que a população deve praticar, como lavar as mãos e usar máscaras de proteção, defendendo as regras que a OMS recomenda.
Giroir confirma a opinião do médico infectologista Anthony Fauci, um dos principais membros da força-tarefa contra a Covid-19 na Casa Branca, que alertou contra o uso da droga no tratamento de infectados, após relatos de “graves problemas de ritmo cardíaco” e outros problemas de saúde.
“Sabemos que todo bom estudo — e por bom estudo, quero dizer estudo aleatório de controle no qual os dados são firmes e confiáveis — mostrou que a hidroxicloroquina não é eficaz no tratamento para o Covid-19”, disse ele à BBC.
Desde os primeiros dias da pandemia, Trump tem promovido sua crença de que a hidroxicloroquina, uma droga usada no tratamento da malária, poderia ajudar a tratar a doença. Em maio, ele disse que tomou o medicamento não comprovado, de forma preventiva, por duas semanas.
O FDA, Departamento de Alimentos e Drogas (Anvisa norte-americana), chegou a lançar uma autorização de emergência no país para o uso da medicação, porém tal decisão durou pouco tempo e foi modificada em meados de junho. Segundo o órgão, os estudos e a experiência não mostraram eficácia em nenhum tipo de quadro. O uso em pacientes internados devido à contaminação não apresentou benefícios na redução da mortalidade e nem ajudou na aceleração do tratamento agilizando a recuperação dos pacientes.
Apesar das evidências e de todos os estudos em torno da hidroxicloroquina, o presidente, que é candidato a reeleição, insiste em propagar a defesa ao uso do remédio, achando que com isso conseguirá aumentar sua popularidade. No entanto, 15 pesquisas sobre preferências eleitorais foram publicadas nos últimos dias nos Estados Unidos de acordo com a contagem que segue o portal RealClearPolitics, e o candidato democrata, Joe Biden, está à frente de todas, com uma vantagem média de 8,8 pontos.
Trump chegou a postar um vídeo em seu Twitter de uma médica de Houston que defende o tratamento com cloroquina para a cura do coronavírus.
O vídeo divulgado por Donald Trump não ficou muito tempo nas redes, o Twitter excluiu a publicação alegando que ela violava a política da rede social relacionada à divulgação de fake news sobre o coronavírus.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) interrompeu seus testes, confirmando que essa medicação não reduz as taxas de mortalidade em pacientes com coronavírus.