EUA: atos públicos exigem “reforma policial” 1 ano após morte de Floyd
Na data em que relembrou o primeiro aniversário do assassinato do afro-americano George Floyd por um guarda branco, os Estados Unidos foram palco nesta terça-feira de manifestações de solidariedade à família e em defesa de uma reforma policial urgente.
No local em que foi morto asfixiado, em Minneapolis, foi pintado um enorme mural com as palavras I Can’t Breathe” – “Eu não consigo respirar”, pronunciadas pelo ex-segurança antes de falecer. Manifestantes fizeram um protesto silencioso para recordar os nove minutos e 29 segundos que Floyd teve o pescoço prensado pelo joelho do policial Derek Chavin. Demitido no ano passado, o assassino foi condenado em abril e pode pegar uma pena de 40 anos. Os outros quatro policiais – que foram seus cúmplices – só devem comparecer ao tribunal em agosto.
A mãe de Floyd, os irmãos e a filha Gianna, junto com os advogados da família, se encontraram no Capitólio com a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, e outros parlamentares para pressionar por uma urgente reforma da polícia, a fim de evitar mais mortes.
Posteriormente, foram recebidos na Casa Branca pelo presidente Joe Biden e pela vice-presidente Kamala Harris, reiterando o pedido. Com a sabotagem dos republicanos, a reforma está parada no Congresso.
“Mudança real”
“Para conseguirmos uma mudança real, devemos ter responsabilidade quando agentes da lei violam seus juramentos. Precisamos construir uma confiança duradoura entre a vasta maioria dos homens e mulheres que portam seus distintivos com honra e as comunidades que eles juraram servir e proteger”, disse Biden.
“A família de Floyd mostrou uma coragem extraordinária, especialmente sua filha pequena Gianna, com quem eu me encontrei novamente hoje. Na véspera do funeral de seu pai um ano atrás, Jill [primeira-dama] e eu nos encontramos com a família e ela me disse: ‘Papai mudou o mundo’”. E ele mudou, relembrou o presidente.
“Se você pode fazer leis federais para proteger os pássaros, a águia careca, você pode fazer leis federais para proteger as pessoas de cor”, declarou Philonise Floyd, irmão mais novo de George, após a reunião na presidência.
Terrence, outro dos irmãos Floyd, se disse encorajado pela “conversa produtiva” em que Biden e Harris se mostraram ansiosos para “ouvir nossas preocupações”.
O evento em Mineápolis contou com a presença do prefeito Jacob Frey e de familiares de Floyd. Em seu discurso, uma das suas irmãs, Bridgett, apontou que “tem sido um ano difícil, um ano muito longo. Mas conseguimos. Dizem que, com Deus, tudo é possível, e acredito nisso de verdade. O amor está transbordando demais hoje. O amor está aqui, George está aqui”.
A manifestação simbólica foi repetida em Nova Iorque, em Los Angeles e em outros locais do mundo, como a Alemanha. Em Nova Iorque o prefeito Bill De Blasio e lideranças locais se ajoelharam em homenagem a Floyd e repudiando o racismo.
As razões da abordagem ao ex-segurança negro de 46 anos é que Floyd teria tentado pagar uma conta com uma nota falsa de US$ 20. Imagens comprovaram que Floyd não ofereceu qualquer resistência à abordagem, mas foi jogado ao chão, humilhado e sufocado.
Após o crime, manifestantes tomaram por semanas as ruas dos EUA, rechaçando o racismo, fazendo com que o tema ganhasse peso nas eleições presidenciais de 2020, com que a senadora Kamala Harris, negra e ex-procuradora, compusesse a chapa democrata e ajudasse a derrotar Trump.
A defesa do assassino tentou argumentar que Floyd morreu em decorrência do uso de drogas e que a agressão estava “dentro dos padrões” da polícia de Mineápolis. Entretanto, a versão foi rechaçada tanto por exames médicos quanto por depoimentos de chefes policiais e médicos legistas, além de vídeos mostrando as cenas horripilantes.