Escritora Caitlin Johnstone

A escritora e blogueira australiana Caitlin Johnstone denunciou a aprovação, por uma corte inglesa, da extradição do jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange – que expôs os crimes de guerra dos EUA no Iraque e Afeganistão -, para os EUA, o que ocorre “ao mesmo tempo em que os EUA e a Inglaterra estão exigindo ruidosamente a responsabilização da Rússia por supostos crimes de guerra na Ucrânia.

Como ela salientou, foi justamente por tentar responsabilizar os governos ocidentais por crimes de guerra que Assange está na prisão.

Registrando a declaração cínica de Biden, sobre o presidente russo Vladimir Putin, de que é um “um criminoso de guerra” … que “deve ser responsabilizado” pelas mortes em Bucha, na Ucrânia, Johnstone considerou a atitude de Washington “obscena e ultrajante”. “O governo mais poderoso do mundo, que serve como o centro do império mais poderoso que já existiu, está trabalhando para extraditar um jornalista por expor seus crimes de guerra e, ao mesmo tempo, rasgar as roupas por acusações de crimes de guerra contra outro governo”.

A escritora se diz um tanto estupefata na desfaçatez mostrada por Washington. Você pensaria que uma estrutura de poder que recentemente foi pega em flagrante cometendo crimes de guerra e está atualmente no processo de prender um jornalista por expor esses crimes de guerra teria pelo menos o bom senso de não gritar muito alto sobre crimes de guerra por um tempo.

“Quanto mais você pensa sobre isso, mais bizarro fica”, ressaltou Johnstone, que reproduz o Twitter do WikiLeaks com o “Assassinato Colateral”, o massacre de 11 civis iraquianos por um helicóptero de guerra norte-americano em Bagdá, inclusive dois jornalistas da Reuters, em 2007. Crime de guerra exposto há mais de uma década, gravado pelo próprio Pentágono, e cujos executores e mandantes permanecem impunes.

“Assassinato Colateral” em Bagdá: crime de guerra impune até hoje

“O império não apenas persegue um jornalista por expor seus crimes de guerra e, ao mesmo tempo, exige que outros sejam responsabilizados por crimes de guerra, mas também está atacando a imprensa livre por relatar a verdade sobre os poderosos e, ao mesmo tempo, se envolve em uma operação massiva de propaganda que afirma que está envolvida na Ucrânia para proteger a sua liberdade e democracia”.

No pedido de extradição que recebeu o aval da (in)justiça britânica, a exposição dos crimes de guerra norte-americanos na invasão e ocupação do Iraque e do Afeganistão,feita por Assange, é chamada de “espionagem”.

“Eu já disse isso antes e vou dizer de novo: Assange expôs muitas realidades feias sobre os poderosos em seu trabalho com o WikiLeaks, mas tudo o que ele conseguiu expor depois simplesmente forçando-os a processá-lo supera em muito as revelações nessas publicações”, disse Johnstone.

“Se a mais alta forma de jornalismo está em expor os segredos mais sombrios das pessoas mais poderosas do mundo, então Julian Assange é a mais elevada forma de jornalista”, concluiu.