Chanceler iraniano Zarif (esq.) e representantes do Irã, e Rafael Grossi (dir,), à frente da delegação da AIEA em Teerã (Wana/Majid Asgaripour)

O governo norte-americano anunciou na quinta-feira (18) a aceitação do convite da União Europeia para voltar a discutir a retomada do acordo nuclear interrompido durante a gestão de Trump.

Em contrapartida, o Irã contatou a Agência Internacional de Energia Atômica para fechar acordo para inspeções em suas instalações nucleares.

Nesta segunda-feira, o Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciaram um acordo “temporário”, com um “resultado significativo”, que mantém a vigilância reduzida das atividades nucleares do país, enquanto continuam as negociações diplomáticas.

De acordo com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh, para que tudo seja definitivamente normalizado, os Estados Unidos devem manifestar seus compromissos com o Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA, em inglês) – do qual abandonou em 2018.

O fato, protestou o diplomata persa, é que os EUA não apenas deixaram de lado o JCPOA durante o governo Trump, “mas também armaram uma armadilha” quando impuseram drásticas sanções econômicas a quem não acatasse as suas ordens.

Segundo Saeed, Washington precisa inicialmente remover os castigos e penalidades impostos ao seu país, com impacto na qualidade de vida e na própria sobrevivência dos iranianos, para, posteriormente, aprofundar no diálogo dentro da estrutura do JCPOA.

Conforme explicou o diretor da AIEA, Rafael Grossi, o acesso às instalações iranianas será reduzido, “mas mantido o nível necessário de vigilância e verificação” por parte da organização internacional. As declarações de Grossi repercutiram positivamente após dois dias de reuniões em Teerã, onde se encontrou com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Javad Zarif, e com o chefe da Organização de Energia Atômica Iraniana, Ali Akbar Salehi.

No sábado passado, o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, declarou que seu governo estava analisando a oferta da União Europeia de participar de uma reunião informal para debater o acordo nuclear assinado em 2015 – durante o governo de Barack Obama, de quem Biden erva vice -, tendo os EUA como convidado.

Na sequência do assassinato do principal cientista nuclear iraniano, Mohsen Fakhrizadeh, em novembro do ano passado, o parlamento persa aprovou uma lei convocando o governo a instalar cascatas de centrifugadoras avançadas de urânio e a limitar a ação dos inspetores da AIEA. Na oportunidade, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, disse acreditar na possibilidade de que os EUA retornassem ao acordo.