Foto: Câmara do Rio

O vereador bolsonarista Gabriel Monteiro (PL) teve o mandato cassado por quebra de decoro nesta quinta-feira (18) na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Por 48 votos a 2, o plenário da Câmara ratificou a decisão do Conselho de Ética que foi baseada no relatório do vereador Chico Alencar (PSOL).

Apenas o próprio Gabriel Monteiro e o vereador Chagas Bola (UniãoBR) votaram contra a cassação do mandato. O único parlamentar ausente foi o também aliado de Gabriel Monteiro, Carlos Bolsonaro, do Republicanos, que faltou à sessão para acompanhar Jair Bolsonaro em atividades de campanha.

Ex-policial militar, Gabriel Monteiro é investigado por acusações de estupro, assédio, gravação de um vídeo íntimo com uma adolescente menor de idade e manipulação de conteúdo audiovisual para a internet.

A sessão que determinou a cassação teve início às 16h desta quinta-feira (18) no plenário e terminou às 22h23.

“É um dever de cada um dos vereadores e vereadoras nessa casa de leis dar uma resposta forte e justa para o presente caso. A omissão, a negação do projeto de resolução e de perda de mandato vai ficar marcada na história”, disse o relator Chico Alencar.

Durante a sessão, Gabriel Monteiro se manifestou tentando fazer uma mea-culpa: “Venho aqui de cabeça baixa pedir desculpas aos vereadores que se sentiram ofendidos. Não fiz por mal. Não estou falando de estupro, assédio. Isso eu quero deixar claro que não cometi, mas eu sei que eu sou uma pessoa disposta para aprender. Tirar o meu mandato, senhores, é decretar para minha honra, moral, a minha morte”.

O outro voto contrário à cassação do parlamentar foi dado pelo vereador Luiz Carlos Chagas de Souza Junior, conhecido como Chagas Bola, sargento da Polícia Militar, casado, pai de três filhos e, segundo ele, cristão.

Aliado fervoroso de Bolsonaro, Chagas Bola foi eleito o primeiro suplente do PSL na última eleição e assumiu em abril o lugar do ex-vereador Rogério Amorim (PSL-RJ). É amigo do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz (PTB-RJ), ambos suspeitos de envolvimento em um esquema de “rachadinhas” na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro).

Nas campanhas eleitorais, Bola sempre contou com o apoio dos Bolsonaro. Em 2020, o chefe do clã gravou vídeos pedindo votos para o sargento. Ele já declarou o seu voto para o atual governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e Bolsonaro para presidente.

Minutos após ser cassado, o bolsonarista saiu em campanha para ocupar uma vaga na Câmara dos Deputados. O ex-vereador aproveitou para fazer campanha eleitoral para si e sua irmã, divulgando o número da urna dos dois.

Monteiro é candidato a deputado federal e Giselle Monteiro a deputada estadual, também pelo Partido Liberal, o mesmo de Bolsonaro.

“Fui eleito e em menos de dois anos provei que função de Vereador é fiscalizar e não ficar curtindo ar condicionado no gabinete. Deus me deu o mandato, Deus tomou o mandato, glória a Deus por tudo. Serei o Deputado Federal mais combativo”, escreveu o ex-vereador em suas redes sociais.

O PSOL afirmou que acionará o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) nesta sexta-feira pedindo a impugnação da candidatura de Gabriel Monteiro a deputado federal.

“Quem tem comportamento bárbaro e não civilizado tem que ser banido. O registro da candidatura a federal tem que ser questionada. É incoerência poder se candidatar. A garota que fez o registro mandou um áudio integral. E Gabriel tentou culpar a vítima. Mas quem tem que avaliar agora é a Justiça eleitoral”, disse o relator do processo Chico Alencar (PSOL).

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