O novo aumento de 8,89% no preço do diesel vendido pela Petrobrás às distribuidoras, anunciado nesta terça-feira (28), somado à inércia de Bolsonaro diante das reivindicações dos caminhoneiros causaram indignação na categoria, que não descarta um movimento de greve no próximo período.

Em reunião no início deste mês, as entidades representativas dos caminhoneiros decidiram se unir e atuar em conjunto pelas pautas da categoria, como o piso mínimo do frete a mudança na política de preços dos combustíveis. E a decisão sobre a greve deve ser tomada no próximo encontro das entidades, marcado para 16 de outubro, no Rio de Janeiro.

Segundo o presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Dias, “tem vários motoristas querendo parar, mas tudo vai depender desse encontro no Rio”.

No entanto, conforme afirmou à coluna de Chico Alves, do UOL, “nossa intenção não é essa e sim sentar e dialogar pra todos saírem com ótimas condições de trabalho, sem ter que paralisar nosso país”.

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, considera que diante do elevado preço do combustível, é possível que os caminhoneiros decidam pela greve.

“Estamos avisando que estamos no limite. O combustível está subindo sucessivamente. Precisamos tomar uma atitude mais enérgica”, disse.

Ele também defende que a mobilização seja mais ampla, não apenas dos caminhoneiros. “Não concordamos, porém, que isso seja feito somente pelos caminhoneiros. É preciso incluir todo setor de transporte como taxistas e motoristas de aplicativos, que também são afetados pelo preço do combustível”.

Segundo Chorão, a categoria “está desacreditada” com as promessas de Bolsonaro, e criticou a atuação do governo em relação ao preço do diesel. “O presidente precisa parar de transferir a responsabilidade e fazer política. Não é possível o chefe da Nação fazer discurso dizendo que não é mágico e que o problema está nos governadores”, afirmou.

Em entrevista à revista Fórum, o presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Sinditanque-MG), Irani Gomes, disse que a greve pode acontecer “a qualquer momento”.

“Nós estamos pedindo para o governo, seja o federal, estadual, a Petrobrás, que venha reduzir o preço abusivo que está o óleo diesel. Nós não conseguimos mais trabalhar. A corda está esticando. Estamos vendo a hora que o Brasil vai parar novamente, como aconteceu em 2018”, afirmou Irani.

Para o secretário nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, “o fantasma da greve ronda sempre, mas precisamos evoluir para chegar nela. É um processo”.