Espírito Santo tem a menor taxa de mortalidade hospitalar da pandemia
O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, apresentou as conclusões de um estudo na rede de saúde capixaba, onde mostra a menor mortalidade hospitalar em avaliação nacional.
O estudo analisou evolução de mil pacientes Covid em UTIs de 13 hospitais da Rede Sesa entre julho e agosto. “Quem procurou a rede pública do Espírito Santo teve o melhor tratamento e sobreviveu mais”, disse Carlos Eduardo Reis, empresa Epimed Solutions, especializada em gestão de informações clínicas e epidemiológicas, durante a coletiva.
O estudo analisou a evolução de 14.699 pacientes Covid-19 durante um período de 50 dias, entre 1 de julho e 20 de agosto. Desse total, 1.034 são da rede da Sesa/ES, outros 9.425 são da rede privada brasileira e 5.274 da rede pública, “uma das maiores bases de dados do mundo”, classificou Carlos Eduardo Reis.
A comparação desses quatro grupos (total, rede Sesa, rede privada Brasil e rede pública Brasil), disse o presidente da Epimed, mostra que, no Espírito Santo, há “uma maior quantidade de pacientes que saem com vida, mesmo comparado com a média da rede particular do Brasil”.
O especialista enfatizou que um dos motivos do resultado capixaba foi a rapidez no diagnóstico. Conforme informado pelo secretário Nésio Fernandes, “mais de 60% dos pacientes já chegam aos hospitais com confirmação diagnóstica laboratorial”, podendo então ser isolados dos suspeitos, evitando infecções cruzadas dentro dos hospitais e receber “as melhores práticas assistenciais”.
“A rapidez no diagnóstico é crucial nessa doença”, ressaltou o empresário, principalmente considerando uma característica dos pacientes capixabas, que são em geral mais idosos que a média nacional – a faixa etária com mais de 65 anos prevalece – o que reflete imediatamente nos altos percentuais de pacientes que precisam de ventilação mecânica e de diálise, também maiores que as médias brasileiras.
“São pacientes mais frágeis, porque são mais idosos e têm outras complicações, como diabetes, hipertensão e doenças pulmonares anteriores, que os tornam mais graves
ainda”, pontuou o presidente da Epimed. “Quando você tem bom planejamento e organiza a estrutura, pode melhorar os fatores complicadores prévios”, afirmou.
RECUPERAÇÃO
Nésio Fernandes também utilizou as redes sociais para divulgar um balanço da situação do coronavírus no Estado. De acordo com o secretário, a Grande Vitória está perto de fechar a curva de novos casos da doença, consolidando a fase de recuperação.
Além disso, a média móvel de sete dias do número de mortes, em parte da região metropolitana, já está abaixo de um óbito por dia e por cidade. Nésio Fernandes explicou que a média móvel de novos casos da doença dos últimos sete dias, que é o período de tempo utilizado pelos especialistas nas análises de locais onde a curva apresenta queda, está em 74. Isso significa que foram registrados 4,16 novos casos por dia, em um universo de 100 mil habitantes.
O secretário ainda afirmou que, nesse ritmo, a Grande Vitória pode chegar a ter um novo caso por dia, a cada 100 mil habitantes, em breve. Nésio também ressaltou que novos picos de incidência da doença podem acontecer, mas que agora o governo é mais preparado para lidar com o vírus.
MENOR MORTALIDADE
O estudo mostrou que 32,9% dos pacientes que entraram nas UTIs capixabas no período evoluíram a óbito, número maior apenas que o registrado nos hospitais privados analisados no país (28,6%), e menor que a média geral (36,7%) e a registrada nos hospitais públicos (51,2%).
Analisando a mortalidade em três recortes específicos, no entanto, na rede pública capixaba foi significativamente menor que a verificada em todos os três grupos.
Entre os pacientes que não precisaram de ventilação mecânica, o Espírito Santo registrou óbito em 5,9% dos casos, enquanto a média geral foi de 10,1%, a média da rede privada foi de 7,5% e a da rede pública foi de 17,6%.
Entre os pacientes que foram ventilados, a comparação é a seguinte: 68,3% de mortalidade no ES; 73,3% no geral; 71,4% na rede privada; e 75,2% na rede pública.
Entre os que foram dialisados, os números são, respectivamente: 74,5%; 80,5%; 79,9%; e 81%.
“Temos experiência grande em outros países. O que nós vimos em países como França, Bélgica e Portugal foram situações muito piores que aqui”, comparou o médico intensivista, salientando algumas particularidades da gestão da Sesa, que foram o uso mais abreviado de ventilação mecânica – “quanto mais rápido for retirado da ventilação mecânica com segurança, esses pacientes têm uma tendência maior de saírem sem maiores complicações”, e o menor tempo médio de internação, “numa rede hospitalar é preciso pensar em fluxo de pacientes, rotatividade de pacientes, para evitar outras infecções”.
O tamanho robusto da rede foi outro ponto de destaque na avaliação. O Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, é o segundo maior hospital público do país em número de leitos dedicados exclusivamente à Covid, e chegou a ter 250 leitos de isolamento para doença.
“Com leitos de UTI resistimos, mas não vamos vencer a pandemia. Estamos preparando o sistema para resistir a isso, com rede hospitalar e capacidade de testagem e medidas de redução de risco e promoção da saúde. Nós estamos fazendo a nossa parte, é preciso que a sociedade faça a sua”, pediu Nésio Fernandes.