Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), foi investido como presidente do governo da Espanha pelo Congresso dos Deputados, que outorgou o voto de confiança para formar um Executivo de coalizão junto ao movimento Unidos Podemos (UP), na terça-feira (7), o primeiro desde a volta da democracia.
A candidatura de Sánchez foi aprovada por uma estreita maioria simples após conseguir o voto favorável de 167 deputados, 18 abstenções e 165 votos contra.
Sánchez teve que esperar quase dois meses desde as últimas eleições em 10 de novembro para reunir os apoios que o confirmariam à frente de um executivo em plenitude de suas funções.
Primeiro, estabelecendo um acordo com o partido Unidos Podemos, a força liderada por Pablo Iglesias. Mais tarde, e em um processo que se estendeu por cerca de três semanas, selando um acordo com a força independentista Esquerra Republicana da Catalunha para que se abstivesse.
Assim, Sánchez somou o apoio de 167 deputados: 120 do PSOE, 35 de Unidos Podemos, seis do Partido Nacionalista Vasco, três de Más País-Equo-Compromís, partido formado a partir de reivindicações ecologistas e feministas, e os outros três de Teruel Existe, Nova Canárias e Bloco Nacionalista Galego, de representantes de regiões da Espanha.
A Espanha possui um Estado multinacional, ou seja, contempla em seu território inúmeros troncos étnicos que possuem um relativo grau autônomo de organização e coesão sociais e até línguas diferentes. No entanto, a convivência dessa pluralidade não acontece sempre de forma totalmente pacífica. No espaço geográfico espanhol há uma elevada instabilidade política envolvendo, especialmente, catalães e bascos, além de algumas outras etnias (como os galegos e navarros).
Por isso, a abstenção de Esquerda Republicana da Catalunha foi chave para
permitir a vitória de Sánchez. O líder independentista Oriol Junqueras exigiu – e conseguiu – a criação de uma mesa entre governos (espanhol e catalão) para abordar de forma ampla e livre os problemas da Catalunha.
O plano de governo da coalizão inclui revogação dos principais pontos da reforma trabalhista neoliberal promulgada em 2012. Após o Congresso espanhol aprovar então a “reforma trabalhista” impulsionada pelo Partido Popular (PP), o presidente Mariano Rajoy afirmou que ela era tudo o que bastava para o país “crescer e gerar empregos”. Passados mais de sete anos, a nação é uma das mais precarizadas da União Europeia (UE), tendo a juventude como uma das suas principais vítimas, com cerca de 40% de desemprego. Propõe ainda uma reforma tributária com aumento de impostos para as camadas mais ricas e grandes empresas e a elevação do salário mínimo. A proposta também contempla ações contra as mudanças climáticas e políticas para garantir a igualdade de gênero e combate à violência sexista.
O novo presidente declarou que fará “avançar a Espanha com valores progressistas, sem deixar ninguém para trás” e “pondo as pessoas que trabalham no centro da política”. “Ilusão, trabalho e diálogo para ganhar o futuro de nosso país” sublinhou Sánchez em sua mensagem depois de assumir o governo.
O secretário geral da União Geral de Trabalhadores, UGT, Pepe Álvarez, bem humorado, considerou que “a música do governo soa bem”, mas reivindicou que “negocie a letra” com os trabalhadores, com os agentes sociais, com urgência no relativo ao salário mínimo (SMI), cujo aumento esperam acertar “nos próximos dias”.