Sistema Único de Saúde deve ajudar o Brasil a passar pela crise do coronavírus, mas precisa de investimento

Quando o coronavírus avançou sobre a República Popular da China, as hienas capitalistas não conseguiram disfarçar a sórdida alegria, talvez calculando que a nascente experiência socialista, conduzida pelo Partido Comunista Chinês, naufragaria diante da catástrofe que se avizinhava.

Por Eron Bezerra*

E a euforia não era despropositada. Afinal, controlar uma epidemia num país com as características da China não é, de fato, uma tarefa fácil. Além de ser um país gigantesco, a China tem a maior população do planeta (1,3 bilhões de pessoas) e boa parte dessa população está apinhada em mega cidades, o que naturalmente dificulta as medidas para evitar transmissão.

O que se assistiu, todavia, foi uma aula de simplicidade, eficiência e determinação do governo popular da China. Contando com a solidariedade de poucos, a engenharia chinesa construiu hospitais de mil leitos em uma semana, conseguiu restringir as áreas atingidas e, embora com grandes perdas humanas, já experimenta a redução de infestados e vítimas fatais.

Enquanto isso, a tragédia se alastra mundo afora, especialmente nos Estados Unidos da América, onde a saúde pública é inteiramente privada, e em países europeus que abandonaram o “estado de bem estar social” e seu sistema de saúde pública para aderirem ao credo neoliberal.

Segundo a Universidade Johns Hopkins, até o dia 16 do presente mês, o vírus já atingiu 179.073, sendo 81.032 na China e 98.041 nos demais países. As vítimas fatais são da ordem de 7.074 pessoas, sendo 3.217 na China e 3.857 no restante do planeta, assim distribuídos: Itália (2.158), Irã (853), Espanha (335), França (127), Coreia do Sul (75) e Estados Unidos (71).

Afora essa enxurrada de números, o que salta aos olhos é que, tudo indica, a tragédia pode ser menor onde há mais estado e menos ganância neoliberal. Onde o estado agiu de forma eficiente, sem pirotecnia, tomou medidas preventivas racionais, as consequências foram mitigadas.

O Brasil dispõe do Sistema Único de Saúde (SUS), um dos mais revolucionários sistemas de saúde do mundo, embora profundamente deformado a partir da aplicação das medidas restritivas nos governos de direita (FHC, Temer) e de extrema-direita (Bolsonaro).

E talvez a tragédia aqui não seja maior precisamente porque, bem ou mal, todos têm direito à saúde, enquanto num país rico como os Estados Unidos, algo como 30 milhões de pessoas são devolvidas da porta do hospital por não disporem de planos de saúde privado.

Eis porque o SUS é fundamental e espero que a tragédia atual nos ajude a colocá-lo noutro patamar do apoio e do respeito que ele merece.

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