Eremi Melo, do Brasil, é 1ª mulher metalúrgica à frente da UIS Metal
O 4º Congresso da União Internacional Sindical – Metal e Mineração (UIS MM) terminou nesta quinta-feira (30), em Buenos Aires (Argentina), com a histórica eleição da metalúrgica brasileira Eremi Melo para secretária-geral. É a primeira vez que uma mulher assume o cargo mais importante na direção da entidade. Ela vai suceder o também brasileiro Francisco Souza, que estava à frente da Secretaria Geral desde 2013.
“Estamos lutando contra um gigante que se chama capitalismo e que destrói as nossas nações, as nossas vidas, o nosso meio ambiente e a nossa juventude. Mas esse sistema não consegue destruir a nossa perspectiva – que é a perspectiva do socialismo”, afirmou Eremi no discurso de posse.
Participaram do Congresso sindicalistas de Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Galícia, Índia, País Basco, Peru, Uruguai e Valência. Os delegados aprovaram um plano de lutas para o sindicalismo classista, sob o lema “Direitos Humanos e Trabalho Digno. Pela Soberania dos Povos e pela Paz. Contra o Imperialismo”.
Segundo Eremi, é preciso que o Conselho da UIS Metal “assuma o desafio de viabilizar esse plano no dia a dia dos trabalhadores e das trabalhadoras”, além de elevar o “patamar de luta e visibilidade” da entidade. “A nossa luta é uma luta viva – uma luta por perspectivas para a classe trabalhadora”, agregou a nova secretária-geral.
Operária desde 1989 da Mundial S.A., de Caxias do Sul (RS), Eremi de Fátima da Silva Melo tem 59 anos. É dirigente da Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) e da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Integra também o Comitê Central do PCdoB (Partido Comunista do Brasil). Em março, tornou-se a primeira mulher a assumir o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias, permanecendo por um mês na presidência.
Sobre o Congresso
Uma exposição do sindicalista brasileiro Divanilton Pereira, secretário-geral adjunto da FSM (Federação Sindical Mundial), marcou a abertura do 4º Congresso da UIS Metal, que foi realizada na noite nesta terça (28). De acordo com Divanilton, o 18º Congresso da FSM aprovou a redução da jornada de trabalho como principal bandeira de luta internacional do sindicalismo classista.
“É uma resposta classista frente ao aumento da produtividade do trabalho pelo incremento das novas tecnologias, mas apropriada apenas pelo capital. Este 4º Congresso da UIS Metal pode trazer essa jornada contemporânea entre as suas prioridades”, declarou o dirigente da FSM, que representa 105 milhões de trabalhadores em 134 países.
Francisco Souza – que, na nova direção, responderá pela Secretaria da Metalurgia – apresentou um balanço da atuação da UIS desde seu 3º Congresso, realizado no Cairo (Egito), em 2018. Além dos impactos contínuos da crise do capitalismo, o período foi marcado pela pandemia de Covid-19, que matou mais de 6,9 milhões de pessoas e provocou uma recessão global.
O vice-presidente da Fitmetal, Alex Custodio, falou sobre a conjuntura brasileira. Segundo ele, com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, o Brasil passou a viver “uma importante jornada de reconstrução nacional”, que tenta “recolocar o País na rota da soberania, da reindustrialização e do progresso”.
A Fitmetal também foi representada em Buenos Aires pela secretária de Finanças, Andreia Diniz, e pelos membros da direção plena Mario Hudson e Beto Osório. Integraram, ainda, a delegação Omar Requena e Thamyres Cristina, ambos do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim (MG).