Equipe mínima e falta de equipamentos dificultam buscas em Petrópolis
O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, tem anunciado que cerca de 500 bombeiros atuam nos resgates às vítimas da tragédia pelas chuvas de Petrópolis, na região serrana do Rio. Segundo ele, toda a estrutura está sendo disponibilizada para o trabalho das equipes de resgate. No entanto, mensagens internas da corporação mostram que, desde o início dos trabalhos, somente no primeiro dia das buscas, o número total de bombeiros atuando no município foi igual ao divulgado.
Neste domingo (20), as buscas por vítimas das chuvas na cidade da região serrana do Rio de Janeiro entraram no sexto dia. Até agora, foram contabilizadas 152 vidas perdidas para a catástrofe. Segundo a Defesa Civil, 165 pessoas estão desaparecidas.
Segundo informações da TV Globo, o único dia em que o todo o efetivo foi empregado foi na última quarta-feira (16) à noite, um dia depois do temporal, quando havia 555 bombeiros nas buscas em Petrópolis. Já na quinta-feira (17), às 6h30, apenas 110 militares trabalhavam em 22 equipes de busca.
Às 13h30 e às 15h do mesmo dia, eram 197 bombeiros trabalhando. Depois, às 18h, eram 216, menos da metade do número anunciado pelas autoridades do governo.
Voluntários e moradores que atuam nas buscas de amigos e familiares criticam a falta de efetivo dos bombeiros e das Forças Armadas nas buscas em Petrópolis.
A voluntária Marilene de Oliveira, que está em Petrópolis, ressaltou a quantidade de pessoas agindo por conta própria para tentar socorrer as vítimas. “Você só vê voluntário de gente assim, do bairro. Você não vê bombeiros”, pontuou.
“A gente está precisando de ajuda, de Corpo dos Bombeiros, de ferramenta”, pediu Marilene.
Outros relatos apontam para a carência de bombeiros em alguns lugares, locais onde segundo os moradores os moradores nunca chegaram.
O problema é que são muitos pontos de deslizamento da tragédia. No total, as equipes de resgate trabalham em 51 pontos onde houve vítimas.
O chefe do Corpo de Bombeiros, o coronel Leandro Monteiro, alega não haver necessidade de mais efetivos e que os bombeiros estão “trabalhando de forma técnica”.
“O Corpo de Bombeiros tem que trabalhar de forma segura e preservar a vida dos moradores e dos agentes. Tem lugares que a gente só pode ir com cinco [bombeiros], a barreira pode romper, então a gente tem que preservar a vida. Então, a população, ela tem a necessidade e está certa de querer mais bombeiros, então ela vê e porque só tem sete bombeiros, não está faltando bombeiro, estamos trabalhando de forma técnica”, disse o coronel Leandro Monteiro.
Falta de estrutura
A falta de estrutura também agrava a situação das buscas pelas vítimas. Bombeiros e voluntários relatam dificuldades de acesso a equipamentos de proteção individual, como capacetes, luvas e galochas.
Na última quinta-feira, o diretor-geral de Apoio Logístico do Corpo de Bombeiros, Márcio Luís Silva Inocêncio, pediu a compra dos equipamentos de salvamento. Entre os pedidos estão galochas, capacetes, luvas, lanternas, enxadas, pás e baldes. A informação foi publicada pelo site UOL.
O pedido foi feito em caráter “emergencial”, “em virtude da decretação do Estado de Calamidade Pública provocado pelas fortes precipitações ocorridas em toda região, e que tem sido repercutido ostensivamente pelos meios de comunicação”, diz o texto.
No geral, é necessitado pelos bombeiros ao menos 250 capacetes, cem luvas, mil máscaras, 200 lanternas, 240 enxadas e 250 pares de galocha.
O almoxarife geral dos bombeiros do Rio. Roberto Robadey. afirma que o almoxarifado não dispõe dos materiais solicitados.
“Agora estão comprando 200 luvas para a corporação, isso é irrisório, a gente tem sempre em estoque um número muito maior do que isso para repor com velocidade”, diz Roberto Robadey.
Foto: Carl Sousa/AFP