Manifestação na capital Quito exige medidas contra descontrole de preços

Protestos no Equador contra o aumento de preços dos combustíveis e a alta do custo de vida se espalharam pelo país e levaram o presidente Guillermo Lasso a decretar estado de emergência na sexta-feira (17), após uma semana de levante popular. Depois de medidas paliativas, o levante não arrefeceu e Lasso busca agora formas mais severas para reprimir a população via estado de emergência, com restrição de liberdades.

As manifestações foram convocadas pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), a mais importante organização indígena do país, após tentativas que não se concretizaram de diálogos entre ambos. Os protestos acontecem desde a segunda-feira (13), reivindicando o congelamento dos preços dos combustíveis, o controle estatal para evitar a escalada de preços, a anulação das privatizações e aplicação de moratórias sobre as dívidas dos camponeses e sobre as atividades de mineração

Bloqueios de estradas e ocupação de instalações petrolíferas, que paralisam a produção, foram contestantes nos cinco dias de protestos. Os manifestantes e forças de segurança entraram em confronto em diversos momentos, deixando vários feridos e dezenas de detidos.

Lasso, pressionado pelas manifestações, anunciou medidas econômicas para tentar conter a crise que foram consideradas insuficientes pelos manifestantes. Entre elas está o aumento do auxílio pago a famílias de baixa renda, que passa de 50 para 55 dólares, o perdão de dívidas de até 3 mil dólares com o banco de desenvolvimento e um subsídio destinado a pequenos e médios agricultores para o fertilizante ureia.

Pouco antes do anúncio do estado de emergência , o líder indígena Leonidas Iza, presidente da Conaie, alertou que os protestos passariam a “outro nível”, caso o governo não dê respostas as exigências para superar a crise econômica.

O líder indígena responsabilizou também o atual presidente pelas imposições do Fundo Monetário Internacional (FMI), como a flexibilização do trabalho e a eliminação dos subsídios.

Em 2019, uma onda de protestos no Equador devido ao preço dos combustíveis resultou em uma dezena de mortes e cerca de 1,5 mil feridos, um terço deles das forças de segurança.

O estado de emergência terá duração de 30 dias e permite a mobilização das Forças Armadas para apoiar a Polícia Nacional na garantia da ordem interna, além de suspender o direito dos cidadãos de se reunirem e impor um toque de recolher noturno das 22h às 5h.

O decreto determina também a restrição do “direito à liberdade”, permitindo que o governo exija de provedores que operam redes públicas de telecomunicações que suspendam ou diminuam a qualidade dos serviços.